Pinguim, o homem da “corrida-transporte”

Paulo Vieira

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MARCOS VIANA, O PINGUIM, É UMA figura conhecida do circuito de corridas de rua. Fotógrafo desse tipo de evento, ele se diferencia dos demais por se deslocar por todo o trajeto da corrida, não na garupa de uma moto, mas, como os atletas, correndo. Mesmo que o evento seja uma maratona.

O equipamento não é pesado. Segundo ele, sua mochila não chega a pesar 1kg. O problema é que ele tem de parar muitas vezes, armar e desarmar seu show e seguir até o final. Como vai inscrito, com número de peito, tenta não estourar o tempo máximo regulamentar de participação.

Diz que nunca chega em último. Aconteceu, segundo ele, uma única vez, nos 42K de Buenos Aires, porque errou o caminho e correu 1K a mais.

Pinguim (esq.) e parças em corrida-transporte pelo ABC
Pinguim (esq.) e parças em corrida-transporte pelo centro de São Paulo/Foto: Francisco Gil

Hoje muito mais seduzido pelas corridas de montanha, ele vem cobrindo também as provas do K21 Series. O esquema é o mesmo: percorre a prova inteira qual os demais atletas, mas faz suas paradas a qualquer momento para fotografar.

Essa história com a corrida já seria boa o suficiente, mas Pinguim ainda encontrou uma nova dimensão no cascalho, que faz questão de difundir utilizando até neologismos. É a “corrida-transporte”.

Essa modalidade de corrida, que funciona também como treino de volume, é feita em “corre-vias”, calçadas ou leitos carroçáveis de ruas secundárias que utiliza para se deslocar. Pinguim vende muitas ampliações em papel fotográfico para corredores e faz o próprio serviço de delivery utilizando-se de sua “corrida-transporte”.

As vias secundárias são importantes para evitar o tráfego pesado e a poluição. O fato delas poderem ter topografia acidentada não é um senão, muito pelo contrário.

Se o objetivo está a 5K de sua casa na Vila Formosa, ele não faz “integração” com transporte público. Distâncias maiores já podem demandar o uso de metrô ou ônibus. Táxi e carro particular estão fora do sistema. Bikes, que ele usou até os anos 1990, também estão excluídas, para não “roubar” volume de treinamento.

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Até pouco tempo atrás, ele completava sua dieta de corrida com treinos de intensidade na pista de atletismo do CERET Tatuapé, onde me encontrei com ele semana passada. Hoje ele não vê mais sentido nisso. “Venho ao parque agora apenas para contemplar a natureza.”

Pinguim vê complementaridade na corrida de montanha e na corrida-transporte. Os desníveis de piso na montanha o habilitam para enfrentar as calçadas pouco católicas de São Paulo – e vice-versa.

Assim como o editor deste JQC, pode-se dizer que Pinguim decidiu adentrar o maravilhoso mundo do cascalho para poder usufruir das cidades correndo.

Nada é assim preto no branco, mas se de A infere-se B, tem-se que A é algo como “quero ser meu próprio modal” e B, “corro”.

Ter resistência e autonomia para passar horas e horas correndo levaram-no a montar alguns itinerários que incluem parques e praças da cidade (veja na reportagem da TV Gazeta embebida abaixo).

Se quiser conhecer o circuito em companhia do “criador”, Pinguim terá enorme prazer de mostrá-lo para você. Fale com o homem por aqui.

 

 

 

 

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Paulo Vieira

Influenciado pelo velho “Guia completo da corrida”, do finado James Fixx, Paulo Vieira fez da calça jeans bermuda e começou a correr pela avenida Sumaré, em São Paulo, na adolescência, nos anos 1980. Mais tarde, após longo interregno, voltou com os quatro pés nos anos 2000, e agora coleciona maratonas – 9 (4 em SP, 2 Uphill Rio do Rastro, Rio, UDI e uma na Nova Zelândia), com viés de alta – e distâncias menos auspiciosas. Prefere o cascalho de cada dia às provas de domingo e faz da corrida plataforma para voos metafísicos, muitos dos quais você encontra nestas páginas. Evoé.

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