SIM, ISSO JÁ FOI LONGE DEMAIS. VOCÊ SIMPLESMENTE não consegue deixar de usar essa – desculpe meu francês – porra. Precisa saber o pace, a quilometragem, fazer malditos desenhos utilizando seu itinerário como caneta.
Precisa tirar selfies, claro, e dizer para o mundo por meio de um aplicativo xis que “colocou na conta mais 7K”.
Tudo isso tendo de manter no bolso ou atado ao braço o aparelho, algo realmente muito pouco confortável quando todo o corpo balança sincopadamente.
DESENHANDO A CORRIDA
PEDINDO EMPREGO DESENHANDO A CORRIDA
10 VERDADES INCONVENIENTES (UMA DELAS: TRAVA ESSE STRAVA!)
UMA CORRIDA LÍRICA NA USP (SEM SMARTPHONE, CAPICE?)
Você já viu aqui as
11 RAZÕES PARA NÃO CORRER COM SEU SMARTPHONE,
mas quero trazer agora a este pasquim palavras de Yuval Noah Harari, autor do best seller Sapiens. Evidentemente ele não as escreveu para o JQC (ainda!), mas acho que o Financial Times não vai se importar com este humilde gilete-press.
Reduzi bem o artigo, que é portentoso. Você pode lê-lo no original aqui.
O contexto: Harari responde à convocação por uma “comunidade global” virtual de Mark Zuckerberg. E lembra que existe um mundo lá fora – que agora se chama offline.
(A tradução do inglês é do impagável – e portanto ele não receberá um níquel deste pasquim, que já fique avisado – Tabajara Vieira.)
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“Zuckerberg diz que ‘o Facebook tem o compromisso de continuar a aprimorar nossas ferramentas para dar a você o poder de compartilhar sua experiência’. Entretanto, o que as pessoas realmente precisam são ferramentas para se conectar com suas próprias experiências.
Em nome de ‘compartilhar experiências’, as pessoas são estimuladas a entender o que se passa com elas sob os olhos dos outros. Se algo excitante acontece, o instinto primitivo dos usuários do Facebook é pegar o smartphone, fazer uma foto, postá-la e esperar pelas curtidas.
No processo, eles dificilmente prestam atenção ao que realmente sentem. De fato, o que eles sentem é cada vez mais determinado pela quantidade de “likes” do que pela experiência em si.”
E esta outra passagem.
“A raça humana viveu por milhões de anos sem religiões nem países – possivelmente poderia viver alegremente dessa mesma maneira no século 21. Por outro lado, as pessoas não poderiam viver desconectadas de seus próprios corpos. Se você não se sente em casa [confortável] em seu corpo, você nunca vai se sentir em casa no mundo.
Até agora, o modelo de negócio do Facebook estimula as pessoas a passarem cada vez mais tempo online – mesmo que isso signifique ter menos tempo e energia para devotar às atividades que não cabem numa tela de smartphone ou num desktop.”