HÁ NO PORTAL TERRA UM DOCUMENTO ELOQUENTE da megalomania, prepotência e maus costumes brasileiros ou, quem sabe, do pensamento mágico da terra.
Produzido em 2012, ele mostra o que seria o mapa do metrô e dos trens da CPTM da cidade de São Paulo daquele ano até 2020. Com ele dá para comparar o que está no papel e o que efetivamente foi realizado.
Os dados são da secretaria de Transportes Metropolitanos de São Paulo.
Por esta época, fim de 2016, segundo o mapa, teríamos a conclusão das linhas 5 e 15 (esta última a suspensa, que começa no Oratório), a esperada ligação com o aeroporto de Guarulhos, a conclusão da 4-Amarela com direito à extensão a Taboão da Serra; e o surgimento miraculoso de duas novas linhas de metrô, a 17, pela Zona Sul, e a 18, pelo ABC.
Além disso, novas estações incrementariam as linhas 7, 8 e 9 da CPTM.
É triste constatar que o anedótico, o que é motivo de lamentável piada, insiste em se manter como dado da realidade. Quem nunca multiplicou por cinco ou dez anos o tempo das promessas dos governantes, especialmente no tocante à expansão do metrô?
Para quando você imagina que esse cenário desenhado para 2016 de fato se realize?
Eu chutaria 2030, e mesmo assim com enormes supressões na proposta.
Sem o aumento de nossa malha ferroviária, seguimos trançando perna, seguimos contrariando a tendência mundial, seguimos querendo mais carros na rua.
CARRO X BIKE X CAMINHADA X ÔNIBUS
UMA CORRIDA NO METRÔ (DE LISBOA)
O NOSSO RIO MORTO
BRASIL MAL NA FITA NO ÍNDICE DE SAÚDE GLOBAL
A CIDADE DE HADDAD
A CORRIDA COMO MEIO DE TRANSPORTE
As bizarras e ridículas discussões na campanha eleitoral sobre a indústria da multa e a reversão da redução da velocidade das marginais demonstraram tristemente nosso atraso.
Enquanto isso, a prefeitura de Paris, para citar um caso, ajuda com 400 euros quem decidir comprar uma bicicleta elétrica; e com 1 000 euros se o cidadão se interessar por uma moto elétrica.
Além disso, fecha cada vez mais ruas para os carros, dando em troca a expansão da linha metroviária. Cerca de 230 mil automóveis deixaram de circular por dia em Paris, segundo esta reportagem da BBC.
E, segue a reportagem, a caminhada se tornou o meio de transporte mais comum na região metropolitana de Paris: 39% dos deslocamentos são realizados a pé.
O ar da capital francesa melhorou. Houve redução de 30% da emissão de partículas finas. Como comparação, a média de São Paulo para o mesmo poluente mostra o dobro do recomendado pela Organização Mundial de Saúde. Em certas estações chega-se a 2,6 vezes esse limite.
Com tudo isso, mal dá para atualizar o provérbio cínico que diz ser Cumbica a melhor saída: o trem ainda vai demorar uma cara para chegar lá. Melhor se programar com bastante antecedência.