A esgrimista, a torcida e a simplicidade

Paulo Vieira

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EMPRESAS GIGANTESCAS FICAM ainda mais gigantes lançando mão de uma velha estratégia: comprando a concorrência. É também dessa maneira que vem crescendo o grupo Brunswick, sinônimo de mesas de bilhar nos Estados Unidos, mas hoje líder mundial no segmento de equipamentos de ginástica.

Dona da marca Life Fitness, adquiriu recentemente por cerca de US$ 200 milhões a também americana Cybex; agora espera o sim do Cade alemão para incorporar a prestigiada marca Tomahawk.

Tanto a Cybex como a Tomahawk têm suas próprias Zero Runner, aquelas esteiras que lembram elípticos e são movidas a tração humana, como já falamos no link abaixo.

A CORRIDA SEM IMPACTO 

Não é incorreto dizer que a Zero Runner é uma máquina revolucionária. Uma esteira unplugged, “acústica”,  sem motor. Às vezes, inovar é voltar muitos passos, em direção ao básico.

Mas o que quero mesmo dizer é que fui a um evento que o tal grupo Brunswick faz esta semana em São Paulo e, na coletiva de imprensa, duas das perguntadoras demonstraram mais interesses comerciais do que jornalísticos, se é que há ainda essa distinção.

A primeira quis saber se o grupo fazia anúncios (“Não”, foi a resposta); a segunda, se patrocinava atletas (“Tampouco”). A responsável pela segunda pergunta desculpou-se pelo sotaque e se apresentou como esgrimista, uma esgrimista que defendeu o Brasil, aliás, na Rio 2016.

Nathalie na Rio 2016/Foto: Arquivo Pessoal
Nathalie na Rio 2016/Foto: Arquivo Pessoal

Aquilo foi adorável, e fui falar com ela. Nathalie Moellhausen, 30 anos,  ficou em sexto lugar em sua categoria — espada — , chegando às quartas-de-final. Sua asa negra nessa etapa foi uma francesa, Lauren Rembi. Mesmo com a derrota, seu desempenho foi, segundo ela, o melhor da história olímpica brasileira nesse esporte.

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Disse que poderia obter índice pela Itália, mas escolheu o Brasil para tentar “desenvolver a esgrima aqui”. Imagine a diferença de qualidade nas competições domésticas da Europa e do Brasil e pense o que esse desejo significa em termos de renúncia pessoal. Aqui, ela compete pelo Pinheiros.

Nas competições, adorou ouvir a torcida brasileira. “Foi demais, uma energia positiva muito forte”. Nathalie falou que certos adversários reclamaram do comportamento da turba. “Alguns atletas ficaram incomodados, mas é muito fácil para eles falar. Se fosse no país deles, adorariam ter a torcida a seu favor.”

Às vezes o mais difícil é enxergar o óbvio.

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Paulo Vieira

Influenciado pelo velho “Guia completo da corrida”, do finado James Fixx, Paulo Vieira fez da calça jeans bermuda e começou a correr pela avenida Sumaré, em São Paulo, na adolescência, nos anos 1980. Mais tarde, após longo interregno, voltou com os quatro pés nos anos 2000, e agora coleciona maratonas – 9 (4 em SP, 2 Uphill Rio do Rastro, Rio, UDI e uma na Nova Zelândia), com viés de alta – e distâncias menos auspiciosas. Prefere o cascalho de cada dia às provas de domingo e faz da corrida plataforma para voos metafísicos, muitos dos quais você encontra nestas páginas. Evoé.

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