Os arcanos da corrida

Paulo Vieira

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Treinar corrida é uma boa metáfora para a própria vida. O ciclo gradativo de treinamento, os avanços, os recuos, as refugadas, os burros n’água, a evolução, a dedicação e a preguiça inerentes ao processo espelham todas as nossas horas.

Não obstante tudo poder servir de metáfora para a vida, há algo nos treinos que visam algum objetivo – prova, maratona, triatlo, perda de peso etc. – que pode servir de caso de estudo.

DÁ PARA EVOLUIR SEM ASSESSORIA ESPORTIVA?

O MAVERICK

PLANILHA PARA CORRER SÓ, MAS COM OBJETIVO

MEDITAÇÃO À ABRAMOVIC APLICADA À CORRIDA

O MÉTODO KUROSAWA

Num certo circuito de corrida, chamemo-lo aqui de oficial, aquele que é povoado pelas assessorias esportivas e seus métodos de treinamento universalistas, há esse objetivo. Alunos podem tê-lo claro na cabeça ao começar seus treinos, mas o mais comum é acabarem sendo cooptados pelas ideias generalistas dos treinadores.

Que, em geral, não respeitam as demandas e interesses individuais de cada um de seus alunos.

Há alunos que não desejam muito mais do que encontrar os colegas, mesmo que às 7h do horário de verão. Conversar enquanto corre – ou trota – tem importância capital aqui.

E há aqueles que não se sentem tão estimulados com a corrida em grupo.

Onde queres coqueiro...
Onde queres coqueiro…

E há os que correm sem se preocupar se virarão maratonistas ou baixarão seus tempos no próximo 10K e que conseguem extrair um prazer da corrida mais, digamos, sensorial. Para estes, desbravar um novo roteiro ou revisitar um lugar de eleição, fazer da corrida um vetor de transporte e prestar atenção aos pensamentos que o silêncio do exercício impõe é o que conta.

A MARATONA DE SÃO PAULO, CANÇÃO DE ESCÁRNIO

A MARATONA DE SÃO PAULO, CANÇÃO DE AMOR

TEMPO, A OBSESSÃO

SAIBA QUE TIPO DE CORREDOR É VOCÊ 

MARATONA, O FETICHE

Já me declarei aqui, com toques de marqueteiro da avenida Cupecê, um maverick da corrida. Corro sozinho, não sigo planilha, se tenho objetivos, são nebulosos. Admiro o pôr do sol e tenho preguiça de acordar cedo, embora as temperaturas sejam bem mais amenas pela manhã e a disposição para o dia gerada pela corrida matutina seja do grande carvalho.

Meus objetivos seguem nebulosos, mas em abril a névoa se dissipa um pouco. Pretendo participar novamente da Mara de São Paulo. Sinto-me quase obrigado: ela passa aqui no meu quintal e eu tenho um 3:46:27 para baixar.

Esbocei mal e mal alguns arcanos ao longo deste texto; dentre eles, me identifico com o cara que gosta de desbravar um roteiro ou revisitar um lugar de eleição, mas, como veem, nutro também uma certa obsessão pelo relógio e começo a gostar desse fetiche absurdo de colecionar maratonas.

Pisciano, fazer o quê.

 

 

 

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Paulo Vieira

Influenciado pelo velho “Guia completo da corrida”, do finado James Fixx, Paulo Vieira fez da calça jeans bermuda e começou a correr pela avenida Sumaré, em São Paulo, na adolescência, nos anos 1980. Mais tarde, após longo interregno, voltou com os quatro pés nos anos 2000, e agora coleciona maratonas – 9 (4 em SP, 2 Uphill Rio do Rastro, Rio, UDI e uma na Nova Zelândia), com viés de alta – e distâncias menos auspiciosas. Prefere o cascalho de cada dia às provas de domingo e faz da corrida plataforma para voos metafísicos, muitos dos quais você encontra nestas páginas. Evoé.

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