Corri a Run the Night, prova noturna inteiramente dentro da USP, anteontem. Bati meu recorde pessoal – ou personal best, no jargão entreguista – para os 21K. Sou um sub 1h40.
Mas isso importa nada. Importa nada porque o Iberê Dias levou dez meninos que estão sob sua responsabilidade na Vara da Infância de Guarulhos, meninos e meninas que conheceram a violência antes da ternura, que vivem situação de risco dentro de suas próprias casas, para correr na prova de revezamento lá na USP.
Foi mais um passo do projeto que ele batizou de “Sua que é sua”.
O outro fato que termina por transformar meu desempenho em assunto nenhum é a estreia do novo projeto do Ultraman, o “Maratonando com o MST”. O jornalista Rodolfo Lucena fez sua primeira corrida com meninos e meninas do movimento, moradores do assentamento Boqueirão, no município de Santa Maria da Boa Vista, na região de Petrolina, Pernambuco.
É a melhor resposta que alguém pode dar – veja a preocupação dos assentados com a educação das crianças neste post – a um sujeito que correu ao meu lado por uns 500 metros. Infelizmente, não levava um fone de ouvido com um dos soundtracks do JQC, e acabei ouvindo o que o infeliz disse, talvez ecoando a voz mais do que estúpida de um certo setor da sociedade. Aquela conversa de “se eu fosse fazendeiro, metia bala em todos do MST”.
Inclusão social, mobilidade social, oportunidades universais, o que será que o colérico corredor teria a dizer sobre esses temas?
Por sorte, há Rodolfos e Iberês do outro lado da trincheira.
No dia em que o Paulo Vieira contratar a Siri para dar voz a seus posts aqui no blog eu passo a correr ouvindo-o/a em todos os meus micropercursos.
Eita cabra bão….