Agora vai

Paulo Vieira

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Doismilekissme mal começou e já estou em longas e ásperas conversas telefônicas com a operadora de cartão de crédito – nome ao boi: Diners – por conta de uma despesa supostamente devida a uma tal Top Master Locadora.

O simpático proprietário da tal empresa, cujo telefone encontro na internet, me explica então que outras cinco pessoas já haviam ligado antes pelo mesmo motivo. Como eu, tiveram despesas em seus cartões lançadas a favor da Top Master, “algumas de apenas 20 reais”.

Perfeita estratégia para nenhuma vítima reclamar. Em outra palavra: fraude. A razão social da Top Master para aonde ligo, que aluga carros blindados de pelo menos seis lugares, é Top Master Logística, e, portanto, não tem relação com a tal locadora.

Bem, e por que essa historinha agora? Uso-a como parábola para dizer que, por mais que queiramos, a virada de ano não deleta, como que por mágica, as coisas mais incômodas que temos de fazer de janeiro a janeiro, inclusive conferir as despesas do cartão de crédito.

(isso sem falar de IPVA e outras encheções do começo do ano, mas deixemos para lá).

Não quero mesmo assim com isso dizer que não devamos fazer nossas resoluções de ano novo.

É que acho que a tigrada que corre regularmente não deixou de correr no fim do ano à espera do começo de 2015, quando então daria início a um novo programa de treinamento, perseguiria novas metas, novos objetivos.

Enfim, teria um álibi mágico para o “agora vai”.

Falo por mim, que nem cheguei a por o pé na jaca com comida e bebida, por exemplo – faz tempo que não como uma feijoada, aliás -, mas acho que também pelo coletivo.

De volta a São Paulo após duas semanas em Santa Catarina – e quatro corridas na praia -, reencontrei ontem o campus da USP quando a noite já se insinuava. Uma hora e vinte de corrida ali em pace forte mostrou que o business nunca foi tão as usual.

Verdade que 23 graus mesmo à noite é duro (veja dicas para correr no calor aqui).

Moral da história: exceto se você for ministro do planejamento do governo Dilma, não procrastine.

O ano mudou, mas pode ter sido só ele.

 

 

 

 

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Paulo Vieira

Influenciado pelo velho “Guia completo da corrida”, do finado James Fixx, Paulo Vieira fez da calça jeans bermuda e começou a correr pela avenida Sumaré, em São Paulo, na adolescência, nos anos 1980. Mais tarde, após longo interregno, voltou com os quatro pés nos anos 2000, e agora coleciona maratonas – 9 (4 em SP, 2 Uphill Rio do Rastro, Rio, UDI e uma na Nova Zelândia), com viés de alta – e distâncias menos auspiciosas. Prefere o cascalho de cada dia às provas de domingo e faz da corrida plataforma para voos metafísicos, muitos dos quais você encontra nestas páginas. Evoé.

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