A corrida dos inconformados

Julia Zanolli

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Chega de reclamar do Brasil no Facebook! Chega suar calado porque não tem ar condicionado na firma! Vamos tomar as ruas correndo para colocar as nossas aflições para fora. Em vários países o povo organiza até maratona para apoiar causas muito nobres, como a prevenção do câncer e o combate ao tabagismo. Mas por aqui a ideia ainda não virou, então proponho uma corridinha mais descompromissada para ver se a gente pega gosto pela coisa. Calça o tênis e vem/vem pra rua/vem/sem violência!

Na nossa corrida aqueles que não conseguirem acompanhar o grupo serão fortemente protegidos de qualquer um que portar lâmpadas fluorescentes. Vai poder correr de mão dada, beijar e abraçar os outros participantes, mesmo prejudicando a biomecânica da corrida.

Em nome da democracia, jornalistas que acham aceitável amarrar pessoas nuas em um poste também serão aceitos, assim como aquele que usam a frase “eu não tenho nada contra gays, mas….”. No entanto, nos postos de hidratação da nossa corrida só vão receber chá quente. De boldo.

Infelizmente, não vai dar para se refrescar naqueles vaporizadores de água bacanas porque esse papo de racionamento de água está começando ficar sério. Foi mal, pessoal. Talvez para a edição do ano que vem, quando passar essa bagunça de Copa.

Vamos correr também em defesa da Portuguesa, que tomou uma rasteira no campeonato Brasileiro. Ainda não sei se vamos apoiar o pessoal do Bom Senso FC porque a verdade é que não entendo muito de futebol, só queria apoiar a Lusa por causa do Paulo Vieira. Mas se vocês acharem que vale, vamos nessa.

A gente gostaria muito, mas muito mesmo de poder chegar de metrô até a largada. Fica aí o convite para o pessoal da Secretaria dos Transportes de São Paulo. Um sonho dourado seria ter um ponto que avisasse mais ou menos a hora que o ônibus passa. Só para saber se tem que apertar o ritmo para valer na reta final.

Se o pessoal se exaltar de emoção porque conseguiu cruzar a linha de chegada, pedimos às autoridades que não se assustem e mantenham bombas de gás lacrimogênio e balas de borracha guardadinhas no bolso. É só a endorfina, senhor.

E, falando sério, no pódio não vamos comemorar com rojões. Aliás, rojões serão expressamente proibidos no nosso evento. Pedimos a gentileza de todos os participantes com o colega ao lado, principalmente se ele estiver trabalhando para mostrar para outras pessoas como a nossa corrida é importante.

Tem alguma outra revolta, causa ou mágoa no peito? Vem correr com a gente ou coloca para fora aqui embaixo, na caixinha dos comentários.

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Julia Zanolli

Julia Zanolli começou a correr em nome do bom jornalismo quando foi trabalhar na revista Runner’s World sem entender nada do assunto. A obrigação virou curtição, mesmo depois de sair da revista. Se livrou do carro para poder andar a pé pela cidade, mas é fã assumida de esteira. Prefere falar de comida do que de nutrição e acha que ter tempo é muito melhor do que matá-lo.

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