Programa antilongão

Paulo Vieira

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Alternativas ao longão: cinema, música, teatro
Não abra aquela porta se você estiver com preguiça do longão

Eu sempre achei a sexta a melhor noite da semana para sair ou dar uma festa, mas se eu fosse convidar meus companheiros de treino, ninguém viria. A manhã de sábado virou a manhã oficial do longão, quando os corredores aproveitam o dia sem trabalho para rodar por mais tempo – até três horas, em alguns casos.

E é sempre cedo, lá pelas 7 ou 8 da manhã. De minha parte, nunca apareci na USP ou em qualquer outro lugar para correr com aquele monte de gente em meio àquele monte de tendas. Muitos adoram esse espírito de mutirão, mas eu prefiro os vazios do campus no fim de tarde.

Tudo isso para dizer que vou aproveitar o horário do longão para falar de algo que não tem muito a ver com corrida: dicas culturais para este fim de semana.

Quem as dão são alguns colegas, todos amigos e/ou apaniguados. Pedi uma justificativa de cerca de 200 caracteres, mas um aqui extrapolou:

Armando Antenore, do blog das Perguntas, ex-redator chefe da finada Bravo:

Acabei de ler “Barba Ensopada de Sangue”, de Daniel Galera (Companhia das Letras). A saga impressionante de um herói trágico que não se enxerga nem como herói, nem como trágico. Repleto de descrições hiperdetalhadas e diálogos ágeis, o romance é um prato cheio para quem ainda crê na força da palavra escrita.”

Fabrício Brasiliense, editor da Viagem e Turismo, econômico com a carteira, perdulário com as palavras:

Recomendo a elogiada peça “Contrações”, no CCBB, estrelada por Débora Falabella, com ingressos esgotados desde sempre. Mas há uma esperança. Aos sábados acontecem duas sessões, às 17h30 e 20h. Uma funcionária do CCBB me disse semana passada que muita gente não aparece na sessão das 17h30, e a casa vende os assentos vagos, basta chegar uma hora antes.

Sugiro ir de metrô, descer na estação São Bento lá pelas 16h e ir direto à Casa Mathilde, uma doçaria portuguesa na Praça Antonio Prado, em frente ao edifício Martinelli, que faz divinos pasteis e travesseiros (tradicionais de Sintra, feitos com amêndoas). Com a tarde adoçada, uma horinha de fila passa rápido.

Para quem não correu, os pastéis
Tem certeza?

No domingo, se você vem empurrando com a barriga encarar a exposição do Stanley Kubrick, no MIS, a hora é agora. Termina só em janeiro, mas a minha profecia para 2014 é que passada a virada do ano aquilo vai bombar. Vá agora, com calma, aproveite para ver as anotações às vezes pouco elogiosas que o Kubrick fez nos estudos dos cartazes para “O Iluminado”; o guardanapo escrito FIDELIO de “Olhos bem Fechados”; o bebê de “2001”; os figurinos de “Barry Lyndon”… Quem não for vai se arrepender.

Teté Martinho, colunista da Folha:

A Pinacoteca do Estado de São Paulo vale por tudo: o acervo de arte brasileira, as mostras temporárias de arte e fotografia, a intervenção primorosa pensada pelo arquiteto Paulo Mendes da Rocha para atualizar o edifício. Para arrematar, atravesse as alamedas frescas do Parque da Luz, que abrigam uma coleção interessante de esculturas, e almoce um pratão de mussaka ou lulas recheadas no Acrópole, o grego que é instituição paulistana.

Jotabê Medeiros, repórter do Caderno 2, do Estadão (não é para este fim de semana, mas se é para perder um longão, que se perca com classe):

Phillippe Cohen Solan é o fundador do combo franco-argentino Gotan Project, mas está em férias de sua banda matriz. Nesse momento em que deveria estar descansando, está a mil. Acaba de produzir o novo disco de Salif Keita, “Talé”, que foi gravar com Keita lá em Bamako, no Mali.

Antes de retomar a produção com o Gotan Project, vem ao Brasil para mostrar o seu festejado DJ set. Ele toca cumbia digital, música de rua de diversas partes do mundo, e define seu set como “eclético e feliz”. O truque é simples, ele diz: ‘Se estão dançando, está funcionando’. Em São Paulo, no Da Leoni, na sexta (6) para sábado, lá pelas 2 da manhã.”

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Paulo Vieira

Influenciado pelo velho “Guia completo da corrida”, do finado James Fixx, Paulo Vieira fez da calça jeans bermuda e começou a correr pela avenida Sumaré, em São Paulo, na adolescência, nos anos 1980. Mais tarde, após longo interregno, voltou com os quatro pés nos anos 2000, e agora coleciona maratonas – 9 (4 em SP, 2 Uphill Rio do Rastro, Rio, UDI e uma na Nova Zelândia), com viés de alta – e distâncias menos auspiciosas. Prefere o cascalho de cada dia às provas de domingo e faz da corrida plataforma para voos metafísicos, muitos dos quais você encontra nestas páginas. Evoé.

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