Fumantes e pesados, mas já foi pior

Paulo Vieira

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Existe nas redações uma variante daquelas piadas infames do tipo “Pode levar uma cunhada minha no Centro?” ou “Se eu trago dez quilos de carne, dá pra vinte comer?” que é “Você gosta de dar furo?”

Claro que todo jornalista gosta de dar furo, uns mais, outros menos. É sempre um ato libertador, extasiante, transcendente, transformador.

Xii…

De certa forma, este poderoso pasquim eletrônico deu um furo ao mostrar os dados do Vigitel 2013, publicado aqui há oito dias. Embora o estudo do Ministério da Saúde estivesse no portal da Agência Usp antes disso, os grandes jornais esperaram não sei o quê para dar-lhe tratos à bola .

O estudo é copioso, fruto de “inquéritos” telefônicos com cerca de 53 mil habitantes de todas as capitais brasileiras.

Claro que só usamos uma pequena parte dele semana passada. Não adiantamos algumas das conclusões do estudo, que são muito positivas, a saber:

– A tendência de crescimento contínuo de excesso de peso e obesidade pela primeira vez estabiliza entre 2012 e 2013;

– Há  aumento no consumo recomendado (≥ 5 porções diárias) e regular (≥ 5 dias por semana) de frutas e hortaliças;

– Há aumento da prática de atividade física no lazer;

Também deixamos para publicar só agora quais populações do Brasil fumam mais. Não sei se há qualquer relação, mas elas estão nas regiões mais frias do Brasil: Porto Alegre (16,5%), depois São Paulo (14,9%) e Curitiba (13,7%). Do outro lado da tabela estão Palmas (5,7%), Natal (6,2%) e Manaus (7%). Veja como a corrida pode ajudar na luta contra o cigarro aqui.

Chama atenção saber que João Pessoa, onde estou neste exato momento olhando a praia de Cabo Branco, é a terceira pior capital em atividade física. Qualquer um que estivesse aqui das 5h às 8h, quando a Beira-mar é fechada para os carros, diria que os pesquisadores estão loucos.

Pretendia aqui publicar a entrevista que fiz com um dos intérpretes dessa pesquisa, o Thiago Erick de Sá, da Usp, mas como eu já devo estar pregando no deserto a esta altura da barra de rolamento, vai ficar para a próxima. Vou adiantar aqui apenas uma resposta:

Jornalistas que Correm – Quais são os países que se destacam por ter populações fisicamente ativas?

Thiago de Sá – Dinamarca, Holanda, Suécia e Austrália são bons exemplos, tanto na atividade física de lazer quanto no deslocamento. Os percentuais variam muito, por falta de comparabilidade dos indicadores.

Não há no estudo comparativos internacionais de atividade física, mas de excesso de peso, sim. Diante dos outros Brics, o Brasil, com 50,8%, está menos pior na fita do que a Rússia (59,8%) e África do Sul (65,4%). China e Índia, como era de se esperar, têm desempenho melhor, com 25,4% e 11%, respectivamente.

A pesquisa, pública, está aqui.

 

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Paulo Vieira

Influenciado pelo velho “Guia completo da corrida”, do finado James Fixx, Paulo Vieira fez da calça jeans bermuda e começou a correr pela avenida Sumaré, em São Paulo, na adolescência, nos anos 1980. Mais tarde, após longo interregno, voltou com os quatro pés nos anos 2000, e agora coleciona maratonas – 9 (4 em SP, 2 Uphill Rio do Rastro, Rio, UDI e uma na Nova Zelândia), com viés de alta – e distâncias menos auspiciosas. Prefere o cascalho de cada dia às provas de domingo e faz da corrida plataforma para voos metafísicos, muitos dos quais você encontra nestas páginas. Evoé.

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