10K – 10kg = 10 minutos a menos!
A conta parece complicada, mas não é. Uma das coisas mais legais das corridas de rua é observar o quanto elas são “democráticas” com relação ao “peso” de seus participantes. Desde minha primeira corrida pude notar que existe de tudo: gordinhos, gordonas, baixinhos, novinhos, velhos, muito velhos, magérrimos, aqueles que correm muito, aqueles que andam e, o mais engraçado, os que quase andam e fingem que estão correndo…
Isso é muito legal. Ninguém se olha, ninguém se compara. Todo mundo está ali porque tem pelo menos uma coisa em comum: a vontade de praticar uma atividade ao ar livre e em conjunto com outras pessoas. O astral é maravilhoso. E de um modo ou de outro, todos querem melhorar seus tempos, cansar menos, correr melhor, não sentir dores. E, mesmo para aqueles que tem objetivos mínimos, é preciso dizer: a forma física – e devo especificar melhor –, o peso do corpo faz, sim, bastante diferença. E eu sou um exemplo claro disso!
Nunca fui magra. E nunca serei. Minha composição é aquela de vaca holandesa: bundão, pernão, ossos largos (minha mãe é filha de holandês… Eu, ela e minhas duas irmãs fazemos parte desse “bio-zoo-tipo”). Depois de ficar grávida duas vezes, engordar e emagrecer, mil efeitos sanfona, eis que estacionei em um peso e não saía mais dele: 80 quilos. O mesmo peso que eu tinha quando estava grávida do meu segundo filho no nono mês de gravidez!!! Resolvi dar um basta. Mas é preciso dizer que mesmo com esse peso , 80 Kg, já tinha feito algumas corridas… de 5 e 10K.
Não segui um método de emagrecimento dos mais ortodoxos., mas como desta vez estava com muita pressa, praticamente suprimi os carboidratos da minha dieta, mesmo sem parar de treinar. Eram dias e dias comendo ovos, carnes, peixes, queijos, leites, iogurtes… Nada de pão, nada de arroz e feijão, nada de frutas. Esses últimos foram reintroduzidos aos poucos na minha alimentação. Foram dias intercalando proteínas puras com legumes não feculentos, o que significa não comer batatas de nenhum jeito, milho, ervilhas, cereais… Nada!!! Meses de proteínas puras intercaladas com legumes aguados e verduras. Meus únicos escorregões foram algumas taças de vinho nos fins de semana.
Eu sei que não é a maneira mais saudável de emagrecer, mas é a mais rápida: 4 meses depois eu já tinha perdido 9 quilos, hoje peso 70. E os 10 Km de corrida, que antes eram feitos em 1h 16min, 1h 10min… chegaram nos 1h 03min. Parece pouca coisa, mas quando a gente cruza a linha de chegada, olha no relógio e se depara com uma superação dessas, dá vontade de chorar. É um orgulho que vem lá de dentro, daquela fisgadinha da panturrilha, do quaríceps que lateja, do cérebro que tenta restabelecer o equilíbrio do corpo, do coração que começa a desacelerar… Coisas de corredor.
Quanto maior a distância que a gente corre, mais importância a gente dá a um corpo mais leve. Nos 21K, por exemplo, a repetição dos movimentos faz com que algumas partes fiquem mesmo sobrecarregadas… Joelhos, quadris, região lombar, pés, unhas (sobre as bolhas e a possível perda das unhas falaremos algum dia)…
A moral da história é que vale a pena emagrecer para correr melhor, para forçar menos o corpo, as articulações e, principalmente, para melhorar o tempo. Mas com paciência de atleta, não pressa de jornalista!
Tatiana Ferraz é jornalista, casada com jornalista, mestre em comunicação e professora de telejornalismo e radiojornalismo na Faculdade Cásper Líbero. Trabalha atualmente como editora na TV Cultura. Com 41 anos e mãe de dois filhos, treina cerca de 10K de 4 a 5 vezes por semana. Não perguntem como arruma tempo para isso.