Para não ser gongado na hora de doar sangue

Paulo Vieira

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ACABO DE ACRESCENTAR MAIS UMA FRUSTRAÇÃO à minha já longa lista delas. Fui doar plaquetas, como havia combinado com o banco Sangue Bom, Z.O. de São Paulo. A fita estava marcada havia uma semana, mas na hora H fui desautorizado a fazê-lo.

Foi meu “basal”, a frequência cardíaca de repouso, que me reprovou. De nada adiantou ter explicado que desenvolvi minha amada bradicardia – ou coração de atleta – por conta de uma dieta regular e longeva de corridas.

BRADICARDIA, EU TE AMO

O CÁRDIO NABIL GHORAYEB CONVERSA SOBRE O CORAÇÃO

DESVENDANDO O CORAÇÃO

Avisada por telefone, a médica responsável achou que 40 batidas por minuto compunham uma marca de risco, e me gongou.

A tal bradicardia sinusal é o nome que se dá ao aumento do volume do coração. Em atletas e pessoas bem condicionadas, é justamente o condicionamento físico que o provoca – e, claro, isso não é ruim. Pelo contrário, possibilita que o músculo-rei bombeie mais sangue – até 40% mais do que o de um sedentário – com menos esforço.

Para escrever este post, consultei por telefone a fisioterapeuta especializada em atividade física em saúde, doença e envelhecimento pela Faculdade de Medicina da USP, Andrea di Vanna, que me disse que o procedimento da colega foi correto: trata-se de uma praxe.

Sugeriu que eu levasse uma carta de meu cardiologista garantindo que esse “basal” não representa risco na hora da doação.

Eis uma boa razão para voltar a ver um(a) cardiologista, coisa que não faço desde… 2013.

Minha conversa em fevereiro deste ano com o doutor Nabil Ghorayeb não vale: quem foi a seu consultório no Ipiranga foi minha recorrente persona de entrevistador.

Portanto, como já disse aqui, não faça o que eu digo, não faça o que eu faço.

Do contrário, você também não conseguirá doar sangue.

 

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Paulo Vieira

Influenciado pelo velho “Guia completo da corrida”, do finado James Fixx, Paulo Vieira fez da calça jeans bermuda e começou a correr pela avenida Sumaré, em São Paulo, na adolescência, nos anos 1980. Mais tarde, após longo interregno, voltou com os quatro pés nos anos 2000, e agora coleciona maratonas – 9 (4 em SP, 2 Uphill Rio do Rastro, Rio, UDI e uma na Nova Zelândia), com viés de alta – e distâncias menos auspiciosas. Prefere o cascalho de cada dia às provas de domingo e faz da corrida plataforma para voos metafísicos, muitos dos quais você encontra nestas páginas. Evoé.

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