FETICHISMO TEM DIVERSAS definições segundo o Vocabulário técnico da psicanálise. Freud associa ao conceito “todas as formas de perversão” (a saber: exibicionismo, voyeurismo, coprofilia).
A maratona, estranhamente, não é citada.
Este pasquim acredita que não há fetiche maior, especialmente para uma geração hoje chegada aos 45-55 anos, que disputar uma maratona. O interesse pela superação de um desafio físico aos poucos deriva para outros interesses: recordes pessoais, coleção de cenários distintos a ser ticados, maraturismo, triatlo.
Para um determinado grupo de pessoas, o crème de la crème do fetiche maratonístico é correr a pioneira e centenária maratona de Boston.
A antiguidade do evento é poderoso argumento, mas a dificuldade de ingresso é um fator de atração ainda maior. A organização exige do candidato, de acordo com sua faixa etária, um tempo mínimo de cumprimento de uma maratona pregressa.
É o que é chamado nas internas de “índice”.
Pois bem. o jornalista Sérgio Xavier, comentarista de futebol do canal SporTV, homem que escreveu uma vasta bibliografia alusiva à corrida de rua, conseguiu esse “índice”.
Foi em Albany, essa outrora marca de cigarros, cidade inverossímil do estado de Nova York.
MARATONA, O FETICHE
É PRECISO DESRESPEITAR A MARATONA
MARATONA, A CRETINICE FISIOLÓGICA
ATLETA E TREINADOR
MINHA PRIMEIRA MARATONA, VIVACE
SÉRGIO XAVIER NESTE JQC
PLANILHAS COMPARADAS
POLIMENTO PARA A MARATONA
Por isso SX, o homem que ainda consigna em sua biografia (melhor dizendo: na minha) ter ajudado com generosa sabedoria e firme paternalismo o arrivista editor deste JQC a completar sua primeira maratona dois anos atrás (na foto abaixo, um raro registro desse tempo), embarca hoje para Boston.
Na próxima segunda-feira, dia do Patriota para os negos de lá, ele se torna um ungido, um raro brasileiro membro da grei dos concluíntes de Boston.
Mais: ao deixar suas pegadas nos 42K de cascalho asfáltico que liga a pequena Hopkinton à grande capital colonial estado-unidense, ele de alguma forma segue os passos de Samuel Adams (tome uma por mim, brother!) e Paul Revere.
É impressionante, mas palmilhar os mesmos caminhos dos pais fundadores não colocou pressão sobre seu corpo delgado.
Num encontro fortuito estes dias, eu mesmo pude perceber: não há pontos de tensão nos esternoclidomastoideos potentes de nosso amiguinho.
Algumas horas antes, por Twitter, seu principal canal de expressão, ele havia dito ao JQC:
“Esta é a melhor pré-maratona das doze [de que participei]. Pressão zero. Não preciso fazer tempo, já fiz, não vou atrás de recorde, não conseguiria nesse percurso. Estou leve, pronto pra ver tudo. Muito boa a sensação.”
E seguiu:
“Passei quase um ano fazendo um treino de manutenção, entre outubro de 2015 [quando SX conseguiu o índice para Boston, em Albany, com 3:26:47] a outubro de 2016. Aí retomei a mesma planilha que tinha me dado o índice.
Com a diferença que enfiei muito mais subidas e descidas, característica de Boston. E nos últimos três meses perdi uns sete quilos, incrível como treinos rendem mais quando se carrega menos peso.”
A planilha citada, a do mago Iberê Dias, o juiz voador, é bastante exigente para o serviço público. Por isso não será surpresa se, ao deixar Hopkinton, SX deixe toda a moderação para o discurso e solte a bota.
Na falta de qualquer possibilidade mais moderna de comunicação na segunda-feira, ficam desde já as nossas mais vibrantes energias para o chapa.
Muitissima satisfação nesta corridaça para o nosso guru SX
Aguardando o novo blog coirmão do “Jornalistas…”
abcs