A gente não quer só proteína – animal

Paulo Vieira

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Antes de começar, um pouco do que os saxões chamam de disclosure, na falta de uma palavra portuguesa melhor:

Não tomo whey; não tomo gel de carboidrato (aquele longão de 30K, quando Fessô Sérgio Xavier, acho que vocês já ouviram falar, disse “toma esse troço aqui” não vale); por fim, sou relativamente vegetariano. Sei que “relativamente” não quer dizer nada, tento explicar: carnes bovina e de frango entram na minha dieta à razão de uma ou duas vezes por mês. Sushi e sashimi, uma vez por semana.

A PROTEÍNA DO LEITE EM QUESTÃO

A EQUIPE VEGETARIANA DE CORRIDA

SX E O TREINO MATADOR PRÉ-MARATONA

CONSIDERE A LAGOSTA

DOSSIÊ DA PROTEÍNA

Com tudo isso, me agrada que dietas vegetarianas ou ao menos com uso menor de carne se alastrem. Um tanto por certa comiseração com o trágico destino de matadouro, outro tanto pelas consequências ambientais nefastas que a pecuária gera.

A essa bandeira que levanto com insuficiente convicção dedico o post de hoje.

Chupo reportagem publicada na Folha de S.Paulo ontem, 31 de janeiro de 2016. Um hectare de terra destinado à pecuária extensiva brasileira – que, aliás é supostamente mais “orgânica” do que a pecuária de confinamento – gera 9,7 quilos de carne. E alimenta 6,4 pessoas por mês.

O mesmo hectare de terra destinado ao milho gera 635 quilos do cereal. E alimenta 423 pessoas.

No lead, outra informação impactante: o cultivo de vegetais produz 25 vezes mais proteínas do que a criação de gado. E a pecuária no Brasil ocupa uma área 2,6 vezes maior que a destinada à agricultura.

E, como se sabe, a pecuária é um dos principais vilões do aquecimento global brasileiro, seja por gerar gás carbônico proveniente das queimadas para transformar floresta em pasto, seja por gerar metano. Aqui o vilão é o próprio processo de ruminação do boi.

Uma crítica muito comum feita aos vegetarianos é que a proteína animal é difícil de substituir. A coisa já não vinha parando em pé havia uma cara, mas mas com a chegada da chia (16g de proteína a cada 100g) e da quinoa (12,1g de proteína a cada 100g), a desculpinha ficou bem lavada.

No quadro abaixo, uma comparação de fontes de proteína animal e vegetal e também seu “custo” calórico.

Alimento

Quantidade

Proteínas

Calorias

Patinho grelhado

100g

35,9g

219

Lagarto assado

100g

32,9g

222

Peito de frango grelhado

100g

32,0g

159

Lombo de porco assado

100g

35,7g

210

Abadejo assado

100g

23,5g

112

Ovo de galinha grande cozido

1 un

6,3g

77

Ricota

30g

4,7g

52

Grão de bico cozido

85g

7,5g

201

Quinoa cozida

28g

3,4g

34

Feijão carioca cozido

1 xícara

12,1g

181

Fonte: TACO: Tabela Brasileira de Composição de Alimentos – UNICAMP

Com tudo isso, ninguém aqui quer convencê-lo a deixar de mandar aquela deliciosa picanha pro bucho. Mas talvez queiramos que você pense um pouquinho mais sobre o assunto.

 

 

 

 

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Paulo Vieira

Influenciado pelo velho “Guia completo da corrida”, do finado James Fixx, Paulo Vieira fez da calça jeans bermuda e começou a correr pela avenida Sumaré, em São Paulo, na adolescência, nos anos 1980. Mais tarde, após longo interregno, voltou com os quatro pés nos anos 2000, e agora coleciona maratonas – 9 (4 em SP, 2 Uphill Rio do Rastro, Rio, UDI e uma na Nova Zelândia), com viés de alta – e distâncias menos auspiciosas. Prefere o cascalho de cada dia às provas de domingo e faz da corrida plataforma para voos metafísicos, muitos dos quais você encontra nestas páginas. Evoé.

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