Você confiaria num estabelecimento cujo site não faz alusão ao tempo parado para reforma? Que, pelo contrário, segue a informar o horário normal de funcionamento, como se nada houvesse se passado? Aí quando você finalmente vai ao endereço – físico –, o que encontra são só escombros? Onde vizinhos lembram vagamente que havia algo semelhante àquilo que você procurava ali?
Era esse espírito armado, eivado de muita experiência adversa, que me animava ontem, quando fui, dois dias após sua reinauguração, à RunBase, ou “casa da corrida”, da Adidas, o lugar cuja reforma (e troca de endereço) não foi jamais anunciada em seu site. Agora colado a um dos portões da USP, o lugar seguiu me decepcionando por bem pouco tempo. O tempo necessário para constatar que a casa não era cicloamigável e eu precisaria amarrar minha bicicleta num poste.
Ao entrar, contudo, tudo mudou.
Feita evidentemente para aproximar o esportista amador, um mercado consumidor imenso, da marca, a casa é utilíssima. Utilidade: hachure essa palavra. Começando pelo mais básico – e útil: em cada vestiário há cinco boas duchas, 36 armários de tamanho razoável (que são abertos e fechados por um cartão com sensor que fica o tempo todo com o usuário), toalhas para quem não trouxe a própria.
Alguém que já tenha frequentado os vestiários do Cepê ou do Remo da USP vai se sentir no vestiário do Camp Nou ou, para não ir muito longe, no de uma academia do tipo Companhia Athletica. Uma diferença abissal. Fora que não são poucos os que, após um treino na USP, precisam desesperadamente de um banho, não importa como sejam os chuveiros.
Além disso, há treinos de corrida, aulas de ginástica funcional e hidroginástica (estas ainda não começaram), teste de pisada e, cereja do bolo, empréstimo dos diversos tênis de corrida da Adidas. Tudo isso de graça.
Sim, de grátis.
Exceto as aulas, eu testei tudo ontem. Saí para minha corrida e aula de remo na USP com um Adios Boost nos pés (assunto de post futuro). Fiz o rápido teste de pisada. Usei vestiário e toalha. E sim, deixei na volta minha bicicleta dentro da casa, o que poderia ter feito à tarde também.
O atendimento cortês e especializado é commodity local. De início, o Fred me mostrou toda a casa, conduziu o teste de pisada e, junto comigo, escolheu o tênis que melhor atendia minha demanda minimalista. Na volta, à noite, seus colegas foram gentis e interessados na mesma medida.
O wi-fi ainda não funciona e – bingo – paraciclos estão previstos. O site, contudo, segue sendo um problema. Segundo entendi, a matriz alemã intervém no processo, o que impede que o endereço da casa no sítio oficial seja atualizado (o mapa também está desatualizado); da mesma forma, a burocracia explicaria a omissão da informação sobre a longa reforma, fazendo com que idiotas como eu dessem com os burros n’água ao aportar no velho endereço.
Fred me disse que amanhã, primeiro sábado da casa, se faltar armários no vestiário para todos os visitantes, funcionários serão deslocados para improvisar uma chapelaria.
Já há grupos de corrida formados conduzidos pelos atendentes. Não há privilégio para nenhuma assessoria esportiva (pelo menos uma grande, a MPR, é patrocinada pela Adidas, mas isso não tende a mudar nada a ordem das coisas).
Exceto pelo surrealismo do site, que em perspectiva parece um pecadilho, a Adidas está de parabéns.
Azar deles: do jeito que a USP está à mão, agora vão ter de me engolir bonito por ali. Entre os chuveiros e o vestiário da Adidas e os do Remo, minha nossa senhora.
e qual eh o endereço correto?
Rua Engenheiro Teixeira Soares, 715. Travessa da Alvarenga, a ruazinha do posto de gasolina que dá no portão da USP. Enjoy.