Seguindo no clima de descontração, porque nem só de coisa séria vive um corredor, veio a pergunta: como o coração aguenta trabalhar sem parar e não se cansa como os outros músculos do corpo? Lembrando que sim, ele é um músculo.
Confesso que a capciosa indagação surgiu na metade de um treino de subida na praça aqui perto de casa. Já não sabia mais se era a perna que queimava ou se o coração é que ia explodir. Eu ainda tinha mais duas repetições de 300 metros e bastante suor pela frente.
Tinha uma vaga lembrança do colégio, mas resolvi procurar chegando em casa. E parece que, resumidamente, o corpo humano tem três tipos diferentes de músculo:
- os estriados, que a gente consegue controlar voluntariamente, como na hora de fazer aquele afundo bonito na academia, por exemplo;
- os lisos, que não conseguimos controlar e compõem os órgãos internos;
- e o cardíaco, que tem uma constituição diferente e é composto por um tipo específico de tecido que permite que o coração se contraia com força sem que suas fibras sejam rompidas. Por isso ele aguenta mais do que o quadríceps do Bolt e, embora também esteja relacionado com a sensação de cansaço, funciona de uma maneira específica.
O coração dos corredores, aliás, é mais “forte” do que o de pessoas sedentárias. Isso porque o exercício funciona como uma espécie de musculação, que faz com que o músculo consiga bombear mais sangue por minuto. Pesquisas recentes indicam também que a preparação para maratona ajuda a fortalecer esse órgão e promove melhorias em seu tamanho, forma, estrutura e função. Ou seja: quanto mais você trabalha as coxas na subida, mais forte fica o coração.