Made in America

Paulo Vieira

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Estou há cinco dias em Orlando, Flórida, naquele que deve ser o destino internacional mais visitado pelos brasileiros. As estatísticas que eu conhecia dos meus tempos de Viagem e Turismo devem ter se mantido, a julgar pelo que vi e ouvi em três ou quatro jornadas de Magic Kingdom, Hollywood Studios e Premium Outlets.

Nossa presença é massiva. Crianças, quanto mais novas, melhor: não faltam pais que trazem seus bebês à muvuca dos parques, mas estupidez não é uma prerrogativa exclusivamente brasileira.

Bem, estou longe de descobrir a América neste texto, então vou me abster de fazer considerações sobre o óbvio, como nossa conhecida performance em shoppings.

Preferi não alugar carro – minha situação enrolada com o Detran ajudou -, e isso permitiu que eu conhecesse dois haitianos, um marroquino, um paquistanês, um cubano e dois americanos, alguns dos taxistas que me conduziram pelas lonjuras desta cidade que não é cidade.

Curioso que tamanha diversidade populacional não deixe uma marca multicultural, como acontece em tantos outros lugares. Talvez deixe, deve deixar, mas se deixa, deixa em algum lugar atrás das cortinas, num dos inúmeros bairros, ou seja lá que nome tenham, que ficam atrás das estradas, parques, hotéis e praças de alimentação que parecem ser a única coisa que existe por aqui.

Não vi uma mesquita, mas não duvido que ela ocupe um espaço padronizado ao lado do Wendy’s, do outlet multimarcas de tênis e da Ihop, rede de café da manhã onde a opção “saudável” vem com duas lagartas de bacon – de peru.

Um dos haitianos, que são muitos por aqui, todos loucos por futebol, disse que não conhece restaurantes haitianos; quando perguntei de um cubano, falou de um da Gloria Estefan: assim até eu. É bem verdade que comemos num lugar chamado Havana onde se falava espanhol e onde era servido feijão preto, chip de banana e empanada de frango ao invés de hambúrguer ou, vá lá, fish and chips.

Tudo para dizer que é Orlando que vai deixando marcas nos muitos imigrantes que vêm pra cá, não o contrário.

Sobre corrida: os tênis são mesmo uma pechincha, mas o atendimento no famoso Premium Outlets (da Vineland Avenue) é qualquer nota. Na Adidas, se você achar algum atendente, ele desconhece o movimento “barefoot”. Na Asics, bem menor, a coisa anda melhor, mas lembre-se, você está num outlet. Ao menos o brasileiro Kiko, na loja de suplementos, parece saber do que está falando.

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Paulo Vieira

Influenciado pelo velho “Guia completo da corrida”, do finado James Fixx, Paulo Vieira fez da calça jeans bermuda e começou a correr pela avenida Sumaré, em São Paulo, na adolescência, nos anos 1980. Mais tarde, após longo interregno, voltou com os quatro pés nos anos 2000, e agora coleciona maratonas – 9 (4 em SP, 2 Uphill Rio do Rastro, Rio, UDI e uma na Nova Zelândia), com viés de alta – e distâncias menos auspiciosas. Prefere o cascalho de cada dia às provas de domingo e faz da corrida plataforma para voos metafísicos, muitos dos quais você encontra nestas páginas. Evoé.

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