Começou já no pré-Carnaval. Desde quando existe esse anteato da zoeira? Parece que até o ano passado era Carnaval e pronto. Cinco dias de redenção, ou quatro dias e meio para quem tem de voltar para a redação na quarta-feira de cinzas depois do almoço com purpurina no ouvido.
Agora começa umas duas semanas antes. Já tem bloquinho devidamente organizado com evento no Facebook e tudo mais. Um domingo de cerveja e peregrinação atrás da bateria nas pirambeiras da Alfonso Bovero me custaram o treino de segunda-feira.
Daí chegou o meu aniversário (no mesmo dia do Paulo Vieira, porque ele tem uma política de contratação bastante específica que só contempla os nascidos em 21 de fevereiro). Um amigo chegou com uma garrafa de uísque. Tranquilo, sem ressaca, keep running. Mas daí alguém trouxe a marvada. Dancei, de novo. E ainda acordei com a perna bamba de tanto subir e descer a escada do prédio para abrir a porta. Ou talvez isso também seja culpa da ressaca, não vou mentir.
Como uma brava foliã, ainda me meti em mais um bloquinho de pré-Carnaval naquele fim de semana. De chinelo, sambei pelas ruas da Vila Madalena até a planta do pé arder. Aí a panturrilha apitou de vez, junto com o quadríceps, o piriforme e o ramo medial do nervo fibular profundo. Nota mental para o ano que vem: ir para o bloco de tênis, com bastante amortecimento. Consegui correr uns 15 minutos na segunda-feira antes de decidir ir para casa e me fantasiar de palhaça.
De modo que parti para o meio do mato no Carnaval com o tênis na mala. Determinada a acordar cedo, correr pelas trilhas da Serra da Mantiqueira, fazer alongamento e comer bem. E, talvez, conferir se o Carnaval de rua de São Francisco Xavier continua tão bom quanto na década de 90, quando esses cinco dias eram a única e última chance de rasgar a fantasia.