Deboas e perrengues do itinerário da mara SP City deste domingo

Paulo Vieira

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DOMINGO É DIA da grande maratona de São Paulo, a SP City, da Iguana. Embora esteja apenas em sua quarta edição, tem qualidade muito superior à vetusta mara de SP da Yescom/Globo, que já empilhou 25 edições.

Corri a mara paulistana da Yescom pela terceira vez este ano, e apesar da injeção de capital novo da patrocinadora Cosan, a qualidade desta mara da Yescom, desafiando a lógica, voltou a cair – do espaço ainda mais reduzido da feira caótica ao suporte ao corredor durante o itinerário.

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Não me importo se não há vivalma na torcida ou um mísero conjunto de pagode ao longo dos 42K, mas isso parece muito estimulante para a grande maioria dos corredores. Para o negócio, portanto, atrativos ao longo da prova são críticos – e nisso a Iguana não falha.

Estendo-me no preâmbulo, então vamos ao que interessa, nossa tradicional lista de perrengues e deboas do trajeto da mara deste domingo. Evoé.

PERRENGUES

KM 1,7, algo assim – Com 10 minutos de prova, se tanto, o afunilamento humano na virada da avenida Pacaembu para a rua Margarida é inevitável.

KM 4 – Saída do Minhocão pelo acesso da rua Helvétia. Odores humanos bastante pronunciados – e não me refiro ao suor dos coleguinhas.

 KM 5,5 – Virada da Rio Branco para a Ipiranga, por onde a tigrada também irá passar no sentido contrário dá azo para os espertinhos pegarem um atalho. A organização não tem nada com isso, mas esse golpe é menos incomum do que parece.

KM 9 ao 13 – Quatro quilômetros de 23 de Maio, com diversas pistas de rolamento e a grama do canteiro central para os corredores se esbaldarem. Você me pergunta: e onde está o perrengue? Bem, dá para sofrer com certa monotonia do itinerário, ainda mais quando se sabe que na primeira edição da SP City a 23 dava lugar à famosa subida da Brigadeiro.

KM 16 – Primeiro túnel, aquele que dá acesso à avenida JK e, com ele, a primeira subida.

KM 19-20 – Longo túnel sob o rio Pinheiros. Dada a extensão da coisa, claustrofóbicos talvez vejam pouca graça no DJ nem nos gritos inexoráveis de “Vai, Curíntia”.

KM 21,5 – Passagem sob a Vital Brasil/Francisco Morato e a subida que ela implica. Mas é curta.

KM 29 – A volta pela longa ponte da USP na beira dos 30K já não parece agora tão inocente quanto  da primeira vez, seis quilômetros antes.

KM 33 a 36 – Os efeitos do muro começam a aparecer no trecho mais sensaborão da prova, o apêndice Jaguaré  do itinerário, com seus edifícios neoclássicos (ou o pastiche arquitetônico que sucedeu esse estilo em São Paulo) e um fumarento moinho de farinha Mirella, naquele endereço há 67 anos.

KM 39,5 – Segunda passagem sob a Vital Brasil/Francisco Morato, e eis que a subida considerada “peanuts” no 21,5K vira algo que lembra a Serra do Mar no tempo de João Ramalho.

DEBOAS

KM 2,5 ao 4 – Trecho “ocidental” do Minhocão logo no começo da prova tem inegável charme turístico, apesar da aberração urbanística em que você está a encostar os pés.

KM 5,5 ao 9 – Centro novo e Centro velho em toda sua plenitude. Aqui a organizadora Iguana nada de braçada em relação à Yescom, que só tem o Love Story de atração turística por ali na mara própria. Ao lado do Teatro Municipal os danados ainda enfiam um quarteto de música clássica.

Saca o naipe/Foto: Iguana

KM 9 ao 13 – Os quatro quilômetros de 23 de Maio podem parecer monótonos, especialmente na leve subida do primeiro trecho, mas lembre-se que a opção “Subida da Brigadeiro” teria uma altimetria bem mais adulta.

KM 19 – Sim, é um túnel interminável esse sob o rio Pinheiros, mas a tigrada mal chegou à marca da meia; além disso, endorfina casa com tecno bem pra cacete – lembra daquelas aulas de spinning?

KM 30 ao 32 e KM 36 ao 38 – Passagens por dentro da USP seguem sempre na avenida da raia olímpica, sem aquelas chicanas enlouquecedoras pela rua do Cavalo e da ECA na mara da Yescom; além disso, a visão da população crescente de capivaras na raia sempre traz algo de pastoril.

 

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Paulo Vieira

Influenciado pelo velho “Guia completo da corrida”, do finado James Fixx, Paulo Vieira fez da calça jeans bermuda e começou a correr pela avenida Sumaré, em São Paulo, na adolescência, nos anos 1980. Mais tarde, após longo interregno, voltou com os quatro pés nos anos 2000, e agora coleciona maratonas – 9 (4 em SP, 2 Uphill Rio do Rastro, Rio, UDI e uma na Nova Zelândia), com viés de alta – e distâncias menos auspiciosas. Prefere o cascalho de cada dia às provas de domingo e faz da corrida plataforma para voos metafísicos, muitos dos quais você encontra nestas páginas. Evoé.

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