CRISE, QUE CRISE? PARA OS CORREDORES capitalizados brasileiros, aqui não é o Haiti, mas talvez outras vizinhas caribenhas em better shape: Mustique, Ilhas Virgens Britânicas, Anguilla, quem sabe as Caymans. A verdade é que o exército de maraturistas brasileiros cresce e agora cresce também o de ultramaraturistas.
Em 2018, o Brasil é a segunda principal força estrangeira na famosíssima Comrades, a ultra de 90K de Pietermaritzburg a Durban, na costa índica da África do Sul, corrida que em junho deste ano faz seu 98º aniversário na versão Down Run – ano que vem o percurso é invertido, e a largada passa a ser em Durban.
“Somos 234 brasileiros inscritos, segundo maior país estrangeiro este ano, éramos sempre o quinto contingente, mas agora ultrapassamos a Austrália e os Estados Unidos”, disse a este pasquim Nato Amaral, o engenheiro paulistano que se tornou “embaixador” da prova no Brasil.
NINGUÉM VIRA NINJA POR CONCLUIR A UPHILL
ULTRA FABIO TCHÊ: O QUE FAZEMOS NÃO É NADA BOM PARA A SAÚDE
O NOVO DESAFIO DO ULTRA CARLOS DIAS
São 78 as nações representadas na competição, mas em termos absolutos seus competidores perfazem apenas 6,5% do total de atletas. O grosso é da África do Sul mesmo, mais de 91% dos 20 mil inscritos. Na gringa, à frente do Brasil só o Reino Unido, com 293 corredores.
Este ano 1/3 dos atletas é novato na prova, e Nato acredita que esse número baixo se deva à sedução que a prova exerce sobre quem corre lá – e que retorna já no ano seguinte. “Muitos voltam contagiados com o apoio do público, a estrutura da prova, a magia do percurso e também com a oferta de medalhas por participação e colocação”, diz.
A Comrades sabe premiar quem lhe é fiel, e não são poucos os brasileiros que ambicionam o Green Number, número de peito que passa a ser sempre o mesmo de quem disputa ao menos dez edições.
Para não ser desclassificado é preciso correr a prova em até 12 horas – ou seja, um pace 7 na média segura a onda.
É um tanto impróprio dizer, como foi dito logo no lead, que os brasileiros que correm a prova são ultramaraturistas. “Setenta e cinco por cento dos brasileiros fazem bate-e-volta em Durban. Por conta dos horários do voo, mal saem da prova e já estão pegando o avião para Joanesburgo para voltar para o Brasil”, diz Nato.