Seu problema na corrida tem nome: síndrome da linha de chegada

Paulo Vieira

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A RAZÃO DE VOCÊ COMEÇAR A SENTIR que não vai dar e que os 15K, 12K, 8K que faltam para completar a prova são coisa demais, isso tem um nome.

Chama-se Síndrome da Linha de Chegada.

Ela acomete o incauto quando ele começa a acreditar que tem um objetivo a cumprir, uma meta a ticar, como se ele próprio fosse uma máquina, um insumo, um meio de produção.

A ansiedade da vida moderna transposta para o oásis da vida moderna, a corrida.

Já fui vítima do mal.

Na primeiríssima dentição deste pasquim disse o seguinte:

“É mais ou menos assim: lá pelo meio de uma prova, que tem de ser uma meia pra cima, meus olhos começam a procurar com sofreguidão pelas placas de quilometragem. Passada a placa, vem uma enorme ansiedade pela próxima, e assim sucessivamente. Esse estado intranquilo é tudo que não advogo na corrida, que para mim tem outras “utilidades”, uma delas ser opção de transporte, outra ser vetor para se conhecer novas paisagens.”

É A CABEÇA, ESTÚPIDO

SÍNDROME DA LINHA DE CHEGADA

GINÁSTICA PARA A CABEÇA

ADRIANA APARECIDA: QUANDO O CORPO DECLINA, A CABEÇA ENTRA EM CENA

A corrida é tudo isso ao contrário. Não importa chegar, e muito menos a que tempo. Importa estar lá. Você não precisa pensar que há um alvo te esperando na pqp. Não ocupe a cabeça com isso.

Uma hora você chega.

 

 

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Paulo Vieira

Influenciado pelo velho “Guia completo da corrida”, do finado James Fixx, Paulo Vieira fez da calça jeans bermuda e começou a correr pela avenida Sumaré, em São Paulo, na adolescência, nos anos 1980. Mais tarde, após longo interregno, voltou com os quatro pés nos anos 2000, e agora coleciona maratonas – 9 (4 em SP, 2 Uphill Rio do Rastro, Rio, UDI e uma na Nova Zelândia), com viés de alta – e distâncias menos auspiciosas. Prefere o cascalho de cada dia às provas de domingo e faz da corrida plataforma para voos metafísicos, muitos dos quais você encontra nestas páginas. Evoé.

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