O PROVÉRBIO MAIS HEDIONDO JÁ DITO pelo maratonista, esse fetichista at large, é aquela besteira que reza que é a mítica distância da maratona, os 42K, que separa, que separam, os “homens dos meninos”.
Além de espetar um toque machista à coisa toda, assumindo o gênero majestático, a frase faz troça dos corredores de outras distâncias e, mais problemático, dos corredores em geral.
MARATONA, O FETICHE
ONDE QUERES GUERREIRO ÉS SÓ FETICHE
MINHA PRIMEIRA MARATONA, VIVACE
MINHA SEGUNDA MARATONA, HAIKU
MINHA TERCEIRA MARATONA, A PRIMEIRA QUEBRA A GENTE NÃO ESQUECE
CORRIDA É PRAZER
MARATONA, A CRETINICE FISIOLÓGICA
O MURO DOS 32K
Acreditar em tal estultice é ter para si que só faz sentido correr se a atividade transcorrer num campo de batalha.
Não, amigos, não é nada disso. Como este pasquim afirma, reafirma e confirma já faz uma cara, corrida é prazer.
É disso, e apenas disso, que se trata.
No pain, no gain é, destarte, c* d* r*
Posto isto, dou o braço incontinenti e bonito a torcer: há mesmo um componente na maratona que a torna bem mais demandante que as demais distâncias de corrida (esqueça as ultras e o triatlo).
Basicamente, a exigência física da prova estaria acima das nossas possibilidades físicas.
A partir do 30-32-35K surgiria o “muro”, ponto a partir do qual nossas reservas energéticas acabam.
Se não houver mínima reposição – e géis de carboidrato ofertados durante as provas parecem servir para isso – fica-se pelo caminho.
Iberê Dias, o juiz voador, chamou a maratona, prova que ele concluiu repetidas vezes em tempos cavalares, abaixo de 3 horas, de “cretinice fisiológica” – o link vai acima.
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Por mais que o maratonista concorde com tudo aqui exposto, é difícil convencê-lo a abandonar a distância. Mal colocamos no peito a medalha, já arquitetamos a próxima.
Eu vou para a minha quarta maratona, a segunda em 40 dias, neste domingo, na Cité Maravilhé.
Chegar ao Recreio de ônibus ou de carona é que vão ser elas.
Tudo bem: poucas coisas se equiparam a ouvir (e ver) a incredulidade do interlocutor quando ele faz a doce e maviosa pergunta: “Mas você fez mesmo a full?”
Pensando bem, a maratona separa homens de meninos. Mas são meninos os que gostam mesmo dos 42K.