A volta por cima de Mo Farah

Paulo Vieira

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VANESSA FERNANDES esteve anteontem em nossos pixels e hoje volta para fechar este invernico do JQC dedicado a filmes e documentários sobre corrida.

A dica de hoje é No Easy Mile, documentário sobre a trajetória do bicampeão olímpico dos 5 000 e 10 000 metros, o inglês nascido na Somália Mo Farah.

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NÃO TEM QUILÔMETRO FÁCIL NEM PARA Mohamed “Mo” Farah. O bicampeão olímpico dos 5 000 e 10 000 metros nasceu na Somália, no “chifre” africano, e teve de fugir com a família para o vizinho Djibouti quando seu país mergulhou numa guerra civil. De lá conseguiu, aos 8 anos de idade, chegar à Inglaterra, onde se naturalizou.

Assim como no filme A Escolha de Sofia, em que a personagem vivida por Meryl Streep é obrigada a tomar a decisão mais angustiante que uma mãe pode tomar na vida, os pais de Mo tiveram de escolher entre ele e o irmão gêmeo ao buscar asilo na Inglaterra.

A família só tinha condições de sustentar um dos filhos, e Hassam acabou ficando com a avó. O documentário No Easy Mile explora essa história e outras pouco conhecidas de Mo. Como a relação com a mulher Tania, com quem está desde priscas eras.

Mo Farah numa prova de 3 000 metros em Londres
Mo Farah numa prova de 3 000 metros em Londres

Nas pistas, o filme acompanha a trajetória de Mo desde os tempos de escola, já na Inglaterra. Foi um caminho não isento de percalços. O  primeiro grande – e retumbante – fracasso veio na Olimpíada de Pequim, em 2008, quando sequer conseguiu chegar à final dos 5 000 metros.

Mo diz que essa foi a maior decepção de sua carreira.

Mas Pequim também serviu como turning point em sua vida. Em 2011, ele se juntou ao Nike Oregon Project, capitaneado pelo técnico Alberto Salazar (hoje pairam dúvidas se ele teria encorajado doping), para se tornar, um ano depois, o primeiro atleta britânico a levar o ouro  nos 5 000 e 10 000 metros.

Essa parece uma história em que o roteirista mete muito a mão, afinal tais vitórias vieram logo em Londres, nos Jogos de 2012.

Quatro anos mais tarde, ele repetiria o feito no Rio.

Na Somália, sem corrida

Diferentemente de outros países africanos como Quênia e Etiópia, a Somália não tem cultura de corrida. As crianças não correm para a escola, os adultos não correm para o trabalho no campo.

O fundista admite que até hoje, quando visita seu país natal, as pessoas estranham quando ele sai para dar um “trotinho”.

Mo foi agraciado com o título de “Sir” em dezembro de 2016. A Inglaterra é grata ao atleta que fez do M com os braços acima da cabeça sua marca registrada.


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Paulo Vieira

Influenciado pelo velho “Guia completo da corrida”, do finado James Fixx, Paulo Vieira fez da calça jeans bermuda e começou a correr pela avenida Sumaré, em São Paulo, na adolescência, nos anos 1980. Mais tarde, após longo interregno, voltou com os quatro pés nos anos 2000, e agora coleciona maratonas – 9 (4 em SP, 2 Uphill Rio do Rastro, Rio, UDI e uma na Nova Zelândia), com viés de alta – e distâncias menos auspiciosas. Prefere o cascalho de cada dia às provas de domingo e faz da corrida plataforma para voos metafísicos, muitos dos quais você encontra nestas páginas. Evoé.

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