Corra contra tudo que está aí

Paulo Vieira

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DIVERSAS CAPITAIS BRASILEIRAS, São Paulo, Beagá, Brasília e Salvador, para citar algumas, realizam provas de corrida de rua com um mote político bastante específico: a contrariedade com a corrupção.

Domingo, em São Paulo, acontece a segunda edição da “Não Aceito Corrupção”, prova organizada pela potente Latin Sports.

Não tenho notícia se a medalha a ser entregue para o finisher tem a efígie do juiz Sergio Moro.

Fiz uma rápida consulta dentre os projetos aprovados pela Lei de Incentivo ao Esporte para obtenção de verbas com renúncia fiscal. Não aparecem provas com essa “temática”.

O problema é que a transparência do site diminuiu: agora só dá para consultar projetos inscritos de setembro para cá.

O mínimo que se exige de organizadores de provas que se utilizam de mote tão marqueteiro é que deixem nosso dinheiro em paz.

CORRIDA COM CAUSA

Você também pode saber quais empresas se utilizam de renúncia fiscal para organizar corridas e, que, portanto, podem baratear bastante a taxa de inscrição. Consulte aqui.

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Aproveitando esse surto de civismo dos organizadores, este pasquim vem oferecer uma contribuição para mais corridas temáticas.

CORRIDA O PETRÓLEO NÃO É NOSSO (uma corrida 2 em 1: ceifando a Petrobras, ceifa-se a origem de todo o mal, o caixa 2; de quebra, avançamos  por uma matriz energética mais limpa)

CORRIDA CONTRA A IMPRENSA IMPARCIAL (a inscrição premium dá direito a um curso de como editorializar até módulo 100)

CORRIDA CONTRA O TETO CONSTITUCIONAL (polêmico: afinal, como pagar aluguel ganhando apenas  R$ 33.763,00?)

CORRIDA CONTRA O POWER POINT DO DALLAGNOL (inscrição gratuita para geeks que conheçam aplicativos que facultem a utilização do raciocínio lógico – inclusive o power point)

CORRIDA CONTRA A MORDAÇA (o ministro Gilmar Mendes e sua equipe poderiam dar uma palavra no congresso técnico ou durante a entrega de kits)

CORRIDA DAS TORRES (três corridas simultâneas em três locais diferentes do Brasil, sempre em torno de torres suspeitas: em Atibaia, no entorno da torre de telefonia que atenderia o sítio do ex-presidente Lula; em Trancoso, na Bahia, com largada na antena pedida expressamente por João Doria à Oi; e na Ladeira da Barra, em Salvador, no local onde ficaria – ou ficará, vai saber – o edifício La Vue.

Leitores interessados em contribuir com o tema: escrevam para jornalistasquecorrem@gmail.com. Informamos que as sugestões podem ser modificadas com inclusões indevidas e contrabandos legais. Podem espernear à vontade.

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Paulo Vieira

Influenciado pelo velho “Guia completo da corrida”, do finado James Fixx, Paulo Vieira fez da calça jeans bermuda e começou a correr pela avenida Sumaré, em São Paulo, na adolescência, nos anos 1980. Mais tarde, após longo interregno, voltou com os quatro pés nos anos 2000, e agora coleciona maratonas – 9 (4 em SP, 2 Uphill Rio do Rastro, Rio, UDI e uma na Nova Zelândia), com viés de alta – e distâncias menos auspiciosas. Prefere o cascalho de cada dia às provas de domingo e faz da corrida plataforma para voos metafísicos, muitos dos quais você encontra nestas páginas. Evoé.

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