Provas curtas já

Paulo Vieira

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COMEÇO COM UMA PLATITUDE: provas de corrida de rua tornaram-se muito populares no Brasil. Waal. Nas grandes capitais, acontecem em quase todos os 52 domingos do ano.

Para concluí-las, como se sabe, é preciso correr pelo menos 5K. A distância é café pequeno para qualquer maratonista amador, que costuma usar o 5K e também o 10K para aprimorar a performance.

Mas não haver provas de rua curtas no Brasil cria uma dificuldade para a expansão do mercado consumidor, já que não é todo mundo que têm vocação ou vontade de correr médias e longas distâncias.

Tem gente que gosta mesmo é de dar tiro, gosta da boa e velha explosão. Não deve ser à toa a popularidade da prova de 100 metros rasos da Olimpíada.

Nos Estados Unidos é diferente. Sábado passado, por exemplo, ocorreu a 5th Avenue Mile, a famosa “Milha de Ouro”, em vinte quarteirões lindeiros do Central Park, em Nova York. A prova, agora patrocinada pela fabricante de tênis New Balance, contou com mais de 6 mil concluintes, quase metade deles mulheres.

A 5th Avenue Mile sábado passado/Foto: NY Road Runners
A 5th Avenue Mile sábado passado/Foto: NY Road Runners

E não foi gente como eu e você, mas atletas de elite e amadores que só na undécima hora trocaram as sapatilhas pelo cromo alemão e as pistas pelas bancas de advocacia.

Atletas que ganharam medalha na Rio 2016 estiveram na prova. O estímulo financeiro é um vetor importante.

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UMA PLANILHA PARA COMEÇAR A CORRER, POR WANDERLEI OLIVEIRA

Entre as mulheres, a vitoriosa foi a americana Jenny Simpson, bronze nos 1500 metros na Rio 2016; entre os homens, Eric Jenkins desbancou seu compatriota Matthew Centrowitz, que foi ouro nas Olimpíadas do Rio também nos 1 500 metros.

Na Rio 2016, Jenkins não conseguiu passar pelas eliminatórias de outra prova, a dos 5 000 metros.

O final foi emocionante, com Jenkins superando “Centro” por um décimo de segundo.

Estamos mal de velocistas, é verdade, mas será que não desperdiçamos chances de formá-los ao abrirmos, ou melhor, fecharmos as ruas apenas para o povo das médias e longas distâncias? A Corpore já chegou a organizar a nossa própria Milha de Ouro nas priscas eras, mas faltou estímulo.

Para o treinador de atletismo Wanderlei Oliveira, o WO, a questão financeira é capital. “Já acompanhei a Milha de Ouro na 5th Avenue. O prêmio do vencedor era uma Mercedes. Aqui no Brasil, no final dos anos 1990, a Corpore realizou três edições na USP da Milha.”

“Mas o prêmio não era uma Mercedes. Nem um carrinho de plástico!”

 

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Paulo Vieira

Influenciado pelo velho “Guia completo da corrida”, do finado James Fixx, Paulo Vieira fez da calça jeans bermuda e começou a correr pela avenida Sumaré, em São Paulo, na adolescência, nos anos 1980. Mais tarde, após longo interregno, voltou com os quatro pés nos anos 2000, e agora coleciona maratonas – 9 (4 em SP, 2 Uphill Rio do Rastro, Rio, UDI e uma na Nova Zelândia), com viés de alta – e distâncias menos auspiciosas. Prefere o cascalho de cada dia às provas de domingo e faz da corrida plataforma para voos metafísicos, muitos dos quais você encontra nestas páginas. Evoé.

4 Comentários

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    EVERTON LODETTI DE OLIVEIRA

    Concordo que poderia ser uma alternativa interessante, mas infelizmente no Brasil faltam as pistas para os velocisas treinarem e se desenvolverem. Moro em Curitiba e não há nenhuma pista de atletismo liberada para a população. Como treinar para uma milha ou 800m sem uma pista oficial? Treinos de velocidade por aqui tem que ser feitos nas ruas ou parques e baseados no GPS (que tem uma margem de erro considerável para provas decididas em centésimos de segundo).

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  2. Avatar
    Andresa

    Temos em Florianópolis em novembro a Maratona Express, corrida da empresa Ecofloripa, onde os atletas em equipe se revezam em trechos de 1km, até fechar os 42,195km. Uma ótima opção aos velocistas.

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  3. Avatar
    Adolfo

    Prefiro essas curtas. Pena que ainda não tem aqui. São melhores para quem tem um pouco mais de músculo ao invés dos esqueléticos.

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  4. Avatar
    Rodrigo Souza

    Paulo, bacana essa sua matéria. Tem de ser divulgada para virar iniciativa. Pelo jeito a Adidas endlessboost já eras este ano…uma pena.
    Já pensou várias eliminatórias se 100, 200, ou 400m?

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