Quanto mais velho o corredor, mais longo o cascalho?

Paulo Vieira

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HÁ NO MUNDO DA CORRIDA UMA RELAÇÃO mal ou pouco estudada. Quanto mais velha ou velho a/o cabra, mais interesse delx pelos cascalhos mais longos.

E dá-lhe maratona e, sobretudo, ultra.

A minha percepção é meramente empírica, carece de sustentação científica, mas não creio que seja equivocada. Tem a ver bastante, creio, com uma dificuldade crescente do sujeito em baixar seus tempos pregressos por conta de sua gradativa e inexorável decadência física.

Mas ao contrário do que pensa, por exemplo, o Sérgio Xavier, quero crer que nem todo mundo chega ao cascalho a) louco para disputar provas e b) maluco para melhor sua “performance”.

Há aqueles que simplesmente enlouquecem com a perspectiva de rodar, rodar, rodar – e rodar.

Já falei bastante disso aqui, e creio que o Marcos Viana Pinguim não é o único que concorda comigo: corrida é prazer, e por isso o cascalho é também maravilhoso modal de transporte – correr 20, 30, 40K para fazer turismo, por exemplo, é perfeitamente viável e tremendamente compensador.

A CORRIDA COMO SEU PRÓPRIO ÔNIBUS DE TURISMO

OS VERDADEIROS MARATONISTAS

A COMRADES VERDE-AMARELA

CORRIDA É PRAZER

PARE DE DISPUTAR PROVAS DE CORRIDA

A CORRIDA-TRANSPORTE DO PINGUIM

PROFESSOR ZECA, O TREINADOR QUE VAI PARA A GALERA 

ATLETA E TREINADOR

Responsável por levar a maior delegação brasileira deste ano à Comrades, o 90K mais famoso do mundo,  o professor Zeca, da assessoria ZTrack, participa da hipótese do editor deste pasquim, mas ela sozinha não desvenda o enigma.

Para ele, o interesse pelas provas mais longas não deriva exclusivamente da necessidade de se desafiar – e o desafio de tempo agora já não é mais possível –, mas envolve também um componente emocional.

“A cabeça é muito importante nas maratonas e nas ultras, mais do que nas provas curtas, de intensidade. Além disso, a chance de os mais velhos se lesionarem em treinos e provas de intensidade é maior. E se vem a lesão, eles param.”

Para Zeca, que tem na faixa etária dos 40-50 anos seu grupo predominante de maratonistas na Z-Track, a preferência pelo cascalho mais longo também tem a ver com uma certa tranquilidade – a palavra não é dele – emocional.

Significa que o corredor já vivenciou uma gama de situações de vida mais ampla e, assim, é suficientemente capaz de descobrir sua cadência – cadência aqui também como sinônimo de “pace”.

Mas Zeca não corrobora outra hipótese deste pasquim: a de que a exigência física de uma prova curta de intensidade é maior que a de uma maratona.

Disso falaremos mais adiante.

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Paulo Vieira

Influenciado pelo velho “Guia completo da corrida”, do finado James Fixx, Paulo Vieira fez da calça jeans bermuda e começou a correr pela avenida Sumaré, em São Paulo, na adolescência, nos anos 1980. Mais tarde, após longo interregno, voltou com os quatro pés nos anos 2000, e agora coleciona maratonas – 9 (4 em SP, 2 Uphill Rio do Rastro, Rio, UDI e uma na Nova Zelândia), com viés de alta – e distâncias menos auspiciosas. Prefere o cascalho de cada dia às provas de domingo e faz da corrida plataforma para voos metafísicos, muitos dos quais você encontra nestas páginas. Evoé.

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