COMPARECI A UM MUITO INTERESSANTE debate no auditório da Folha de S.Paulo esta semana. Discutia-se o livro Brasil in Transition, cujos autores analisam 50 anos recentes da nossa história e tentam entender este país apenas para iniciados segundo fenômenos principalmente econômicos.
Os otimistas autores foram contrastados por comentadores incisivos, como Marcos Lisboa, presidente do Insper, que não viu, ao contrário dos acadêmicos, a diminuição da desigualdade como um dos motores das mudanças no Brasil.
Para quem se interessa, o debate está na íntegra, em vídeo, na TV Folha, neste link.
Fica a sugestão para os parças da Folha disponibilizar uns copos, de plástico que sejam, para evitar o constrangimento dos futuros debatedores em tomar suas garrafinhas de água direto do gargalo.
A única mulher da bancada (uma bancada, aliás, também cairia bem, além de uma arrumadinha eventual no banheiro), a economista Zeina Latif, preferiu ficar na seca durante as três horas da conversa.
Mas não se vai falar aqui de inclusão social ou do franciscanismo dos eventos Folha. Deixemos de lado o citado Teorema do Eleitor Mediano (“quanto mais desigual o país, maiores as pressões para a distribuição”) e a falta de recursos digitais da sala – afinal não é todo ruim, nestes tempos dissipativos, reaprender caligrafia para se fazer entender pelo mediador do debate.
(Atenção neófitos e quem já estava pegando no sono: o lead entra agora!)
É que, se Deus dá o frio conforme o cobertor, na frase sempre citada do Joca (Mato Grosso?), o pessoal corredor aqui da Z.O. ficou com a parte do leão da tão falada desigualdade. Numa cidade tão carente de verde, nosso índice na Sunset Zone é digno de Toronto, uma das cidades mais verdes do mundo.
CORRENDO PELA Z.O.
ROTEIROS DE CORRIDA PELA Z.O.
ROTEIROS DE CORRIDA – DA LAPA AO CENTRÃO
QUEM CORRE NO MINHOCÃO
ALGO NÃO ACONTECEU NO MEU CORAÇÃO NA IPIRANGA COM SÃO JOÃO
ROTEIROS DE CORRIDA PELO RIO – DA BARRA AO CRISTO
Uma corridinha de 50 minutos a uma hora pode incluir, só de raiva, três parques e um conjunto de praças que no Grajaú ou na Vila Carioca seriam ocupadas por hordas de corredores, que não se incomodariam em nelas dar voltas e voltas e voltas e voltas e voltas.
Seguem, então, algumas propostas de corrida por parques da Z.O. paulistana de acordo com seu tempo e disposição de corrida. Como as possibilidades são inúmeras, este post terá sequência com novos roteiros além-rio. O ponto inicial é a Praça Conde de Barcelos, que tem uma amável pista de cascalho de 600 metros.
Não se importe com os meganhas ou com os jornalistas que batem cartão ali. Aqueles protegem a recatada primeira dama em exercício e seu filho Michelzinho; estes eu sinceramente não faço ideia do que fazem.
SE VOCÊ PRETENDE CORRER 5K-7K
Dê a volta de 600 metros no cascalho da praça, repare nos chafarizes fofos de uma casa no fim dela, do lado norte (da rua Banibas), e siga em direção ao parque Villa-Lobos pela rua Bennet.
Vire à esquerda na avenida Arruda Botelho; atravesse-a, ficando do outro lado do colégio Santa Cruz. Em menos de 300 metros, vire à direita numa banca de jornal. Ali é o portão 3 do Villa-Lobos. Se você fizer a trilha sempre pela grama são 4K; se for pelo asfalto, uma volta inteira tem 3,5K. Retorne ao ponto de origem.
10K-12K
Faça o mesmo itinerário acima, mas inicie uma segunda volta no parque. Ela não será inteira, contudo.
Você vai deixar o Villa-Lobos pelo portão principal, completando cerca de 5,5K-6K dentro do parque; atravesse então a Fonseca Rodrigues e suba a pequena ladeira da rua Ubiracica.
Você está no Boaçava, um Alto de Pinheiros lapeano, pode-se dizer. Siga ligeiramente à direita na bifurcação pela rua Laiana; em 200 metros você chega a outra praça notável, esta com nome de barão, mas, que, até onde se sabe, não hospeda nenhuma eminência da Regência Provisória.
Contorne-a inteira e volte para a Laiana. Corra mais um quarteirão e vire à direita na descida da Bagiru. Cuidado com os skatistas que vêm na loka. Aqui você pode incrementar seu treino fazendo subidas e descidas, mas, se não estiver muito no barato, volte para a Fonseca Rodrigues, atravesse-a com muito cuidado, encontre a rua Bennet e encerre no ponto de origem.
Aproveite a endorfina a milhão para celebrar com Michelzinho.
15K-20K
Faça todo o trajeto descrito no roteiro acima; depois de dar tchau para a casa verde-Temer, siga pela Bennet até seu ocaso, na Capepuxis; tome a direita e já vire à esquerda na Itapicura.
Uma cancela priva carros de avançarem por ali, exceto os dos moradores; ao cabo de uma quadra atravesse com cuidado a Arcipreste; você agora vai dividir a calçada com ciclistas e usuários da estação CPTM Cidade Universitária.
Atravesse os cerca de 200m da ponte sobre o Pinheiros e desça pelo canteiro que desemboca num semáforo; utilize-o para atravessar. A portinha cinza dá acesso ao Éden, a Cidade Universitária Armando Salles de Oliveira. Se for um dia útil, uma proposta é seguir ao longo de toda avenida da Raia (paradinha para fotos com capivaras), subir a Almeida Prado, dar bom dia ao Cavalo e desaguar no Bosque da Física. A trilha em seu interior tem 1K.
Daí você tanto pode voltar ao ponto de origem ou seguir pela rua do Matão e encarar a famosa Subida da Biologia; se subi-la, minha sugestão de retorno é pela rua do Lago; volte pela Oceanografia e vire à direita após superar o prédio da Matemática, pela Travessa V. Tome à direita na Luciano Gualberto e encerre na Sé da USP, a Praça do Relógio.
Foi bom, não foi?