Correndo do trem

Paulo Vieira

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WANDERLEI OLIVEIRA, QUE ANTES DE CORREDOR e treinador de corrida é estatístico e PHD em análise combinatória, afirma que chegou à marca dos 100 mil K corridos em fevereiro de 2014.

De lá para cá, caso tenha mantido sua média de 10K por dia, foram mais 8 mil K.

Nem sonho em chegar a fração dessa marca, mas o problema adicional no meu caso é que é bem difícil determinar uma média aproximada. Chutaria uns 40K por semana, o que daria uns 2000 K por ano.

Se eu colocar aí uns 15 anos de cascalho, são 30 mil K. Mas o volume de meus primeiros anos eram bem menos fartos. Enfim, “farta” um bocado para chegar perto do WO.

De toda forma, este post é menos sobre quantidade do que qualidade. De que me adianta juntar quilômetros se não há prazer envolvido? Não canso de citar essa passagem do seminal Transpatagônia, o livro do explorador Guilherme Cavallari, Meu Heroi, Nosso Heroi.

TRANSPATAGÔNIA, LIVRO E FILME

ALGO NÃO ACONTECEU NO MEU CORAÇÃO NA IPIRANGA COM A SÃO JOÃO

CONVITE AO PRAZER

UMA CORRIDA LÍRICA

A CORRIDA DA NETSHOES E O TREINO NO CENTRÃO

O TREM DE CERQUILHO

QUEM FREQUENTA O MINHOCÃO

Diz o autor, que aliás neste momento pedala pelo interior da Escócia. “Na ânsia de chegar, eu acelerava e passava marchas mais pesadas uma atrás da outra sem atentar para o terreno. As subidas eram leves, mas compridas o suficiente para me esgotar. Demorei a entender que o problema não estava na bicicleta ou no terreno, mas na minha atitude. (…) Reincidia no velho hábito de enxergar apenas objetivos e tratar os passos que compõem qualquer jornada como obstáculos. Se continuasse daquele jeito, dali a cinco ou seis meses na estrada eu bateria a mão na testa e exclamaria: ‘Já estou no fim da viagem e nem percebi… Como o tempo voa!'”

Tudo para dizer que meus treinos e giros mais bacanas envolvem uma descoberta ou uma redescoberta da cidade. Não importa muito para onde eu vá, se houver novidade entra sempre um adicional de prazer.

Estou enrolando demais. Segue uma sugestão de uma corrida entre galpões e linhas de trem, um dos cenários da cidade que mais me agrada.

Escolha o caminho
Escolha o caminho

Na segunda parte, caso o Minhocão esteja fechado, procure localizar as passagens citadas na Lira Paulistana, de Mário de Andrade.

PARTIDA – MERCADO DA LAPA (bom para comprar o bacalhau de domingo, mas difícil achar algo para beliscar ali)

Rua John Harrison

Toca da Onça (é a passagem subterrânea sob a linha férrea. Foi recentemente reformada)

Rua William Speers

Rua do Curtume (opção: tomar a passarela sobre a linha e voltar para a Vila Romana)

Rua Batalha do Pirajá (que nome, senhores)

Rua Emílio Goeldi

Av. Ermano Marchetti

Av. Santa Marina

Passagem em nível pela linha férrea

Passarela sobre outra linha férrea

Rua Carlos Vicari

Av. Francisco Matarazzo (é muito movimentada em dias úteis; prefira aos domingos ou em horários alternativos)

Av. Auro Soares de Moura Andrade (bônus: Memorial da América Latina)

Rua Dr. Alfredo de Castro

Rua Tagipuru

Rua Marta

Minhocão (nos horários em que está aberto para os corredores: 21h30/6h e das 15h de sábado às 6h de segunda).

Caso o Minhocão esteja fechado:

Largo Padre Péricles

Rua do Lavradio

Rua Margarida

Rua Lopes Chaves

Rua Dr. Sérgio Meira

Rua Conselheiro Brotero

Rua Capistrano de Abreu

Rua Conselheiro Nébias

Al. Ribeiro da Silva

Al. Barão de Limeira

Av. São João

FINAL: IPIRANGA X SÃO JOÃO

 

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Paulo Vieira

Influenciado pelo velho “Guia completo da corrida”, do finado James Fixx, Paulo Vieira fez da calça jeans bermuda e começou a correr pela avenida Sumaré, em São Paulo, na adolescência, nos anos 1980. Mais tarde, após longo interregno, voltou com os quatro pés nos anos 2000, e agora coleciona maratonas – 9 (4 em SP, 2 Uphill Rio do Rastro, Rio, UDI e uma na Nova Zelândia), com viés de alta – e distâncias menos auspiciosas. Prefere o cascalho de cada dia às provas de domingo e faz da corrida plataforma para voos metafísicos, muitos dos quais você encontra nestas páginas. Evoé.

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