Seu pé, esse injustiçado

Paulo Vieira

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Numa hora morta dessas, qualquer corredor que se preze deve olhar para seus pés com um misto de gratidão e perplexidade. Gratidão por nos manter de pé a vida inteira e por aguentar o tranco mesmo após tanta quilometragem.

E perplexidade pelos mesmos motivos citados.

Sem mais
Sem mais

Como um órgão que parece tão frágil diante do peso do corpo é capaz dessas proezas?

Em citação colhida na internet, e portanto bastante pouco confiável, Leonardo da Vinci – ou seria Michelangelo? – chama o pé de obra prima.

Suponho que nunca tratei bem meus pés. Pedra pomes sempre me pareceu o máximo de indulgência que meu calcanhar merecia. Por sorte, não sou acometido de fascite plantar e males do tipo.

Surge então em casa um voucher para um tratamento na franquia Doctor Feet, lugar que desconhecia e que aprendi no site da empresa ter quase 80 lojas em metade do país.

(Como o finado sertanejo que ninguém exceto o Brasil inteiro conhecia, eu sabia nada, inocente, da doc Feet).

Fui numa unidade a cerca de 1 quilômetro da minha casa. A sessão durou exata uma hora, começando tarde, em horário de shopping, às 8 da noite.

Primeiro veio um corte “técnico” de unhas, o que me pareceu um serviço que eu mesmo posso continuar fazendo muito bem, exceto pela aplicação de cremes antes e depois, que, lógico, não são a mesma coisa quando aplicados por mãos alheias (e carinhosas).

Depois, cerca de meia hora depois, as luzes foram apagadas, uma música new age tomou conta do cubículo e começou uma reflexologia, que pode não ter atingido nenhum meridiano do meu corpo ou mesmo encontrado pontos de tensão, mas que foi uma delícia.

Simplesmente pelo fato de ter alguém mexendo nos meus pés.

Cristina Lopes, coordenadora técnica da Doctor Feet, sugere, de maneira básica, aos bravos corredores o seguinte:

– Não corte as unhas muito curtas

– Não retire totalmente as cutículas

– Não lixe demais a sola dos pés.

“Essas são proteções naturais do corpo que impedem a sensibilidade, a formação de infecções por bactérias, calos, frieiras e, principalmente, o aparecimento de bolhas”, diz.

Demorou. Vou ter de abandonar o minimalismo que me acompanha na preferência pelos tênis sem amortecimento na hora de cortar as unhas.

A propósito, o tratamento tradicional (corte das unhas e aplicação de tênis) custa 85 pratas; a reflexologia, 75. Fazendo os dois fica 144. E se voltar à Doctor Feet em menos de um mês, há 10% de desconto.

É uma pancada, mas de vez em quando vale considerar.

 

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Paulo Vieira

Influenciado pelo velho “Guia completo da corrida”, do finado James Fixx, Paulo Vieira fez da calça jeans bermuda e começou a correr pela avenida Sumaré, em São Paulo, na adolescência, nos anos 1980. Mais tarde, após longo interregno, voltou com os quatro pés nos anos 2000, e agora coleciona maratonas – 9 (4 em SP, 2 Uphill Rio do Rastro, Rio, UDI e uma na Nova Zelândia), com viés de alta – e distâncias menos auspiciosas. Prefere o cascalho de cada dia às provas de domingo e faz da corrida plataforma para voos metafísicos, muitos dos quais você encontra nestas páginas. Evoé.

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