Na vida de jornalista às vezes a gente tem o privilégio de cruzar com gente que realmente faz a diferença. Quando o sujeito é bom de lábia e a conversa é boa, então… Dá gosto de empunhar o bloquinho. A entrevista que fiz com Drauzio Varella foi um desses momentos. Ela foi publicada pela revista Runner´s World em meados de 2012.
Demorei muitos meses até finalmente conseguir agendar a conversa – mais por implicância do assessor do que por indisponibilidade do entrevistado. Ele me recebeu em seu consultório em São Paulo, onde conversamos sem pressa sobre a vida, a essência humana, maratona, câncer e outras milongas. Mesmo com a chuva começando a despencar, posou para foto de tênis conforme o pedido do fotógrafo.
Daquele jeito simplão, ele fala as coisas com uma clareza estarrecedora. E resumiu em poucas palavras porque é tão difícil vencer a inércia. Leia a entrevista na íntegra aqui.
É justamente a corrida o tema do novo livro de Drauzio. Em “Correr – o exercício, a cidade e o desafio da maratona”, que será lançado no dia 25 pela Companhia das Letras, ele fala sobre a luta contra o sedentarismo, seus primeiros 42 K, a história da maratona desde a Grécia antiga, além de dar informações médicas sobre a atividade. Mesmo sem ter conseguido por as mãos no livro tenho certeza de que vale a leitura.
A capa ficou por conta do ex-Abril e eterno diretor de arte, Rodrigo Maroja. Em 11 anos de casa, ele passou por Superinteressante, Info, Exame, Quatro Rodas, Placar e Runner’s World.
Foram três Prêmios Malofiej de Infografia, seis Prêmios Abril de Jornalismo e um trabalho selecionado para a 10ª Bienal de Design Gráfico. Atualmente é sócio do escritório MAZ Design + Arquitetura, onde realiza trabalhos que vão desde design gráfico até design de interiores.
Conversamos com ele sobre a arte de fazer capas e o trabalho que estampa o livro de Drauzio. Outra prata da casa que se embrenhou nos livros é Ricardo Lombardi, que virou dono de sebo. Confira abaixo a entrevista com Rodrigo Maroja.
****
Jornalistas que Correm: Depois de tantos anos trabalhando com revistas, como você virou capista da Companhia das Letras?
Rodrigo Maroja: Quando estive na Superinteressante, trabalhei com o Alceu Nunes, que hoje é o diretor de arte da Companhia. Por já conhecer o meu trabalho e meu gosto pelos livros – na época da Super eu fiz o projeto gráfico e as capas da coleção de livros Para Saber Mais – ele me convidou a colaborar como capista.
JQC: Qual é o principal desafio de fazer capas de livros?
RM: O principal é solucionar visualmente uma ideia e/ou uma história, através de recursos gráficos, ilustrativos e tipográficos. Para ser eficiente, a solução precisa ser objetiva e esteticamente agradável para despertar a atenção do consumidor. Mas há também questões mercadológicas e editoriais que direcionam o design de uma capa, pois a função maior dela é a mesma da embalagem de um produto qualquer, chamar a atenção e ser comercialmente viável. Existem dois tipos de consumidores de livros, os que já sabem o que vão comprar e os que vão procurar e fuçar as estantes. Para esses, a capa é fundamental.
JQC: Você também fez a capa dos livros do Sergio Xavier sobre corrida. Acha que virou uma espécie de referência nesse nicho editorial-esportivo?
RM: Acho que foi uma feliz coincidência. A Companhia me chamou para fazer a capa do Drauzio por causa da minha experiência na revista Runner’s.
JQC: Como foi esse o processo?
RM: Eu tinha dois caminhos, usar a imagem dele, pois são histórias bem pessoais, ou partir para algo conceitual. Nesse caso, a corrida de rua, especialmente a maratona, era o foco. A editora queria usar a imagem dele na capa, por considerar bom do ponto de vista comercial. Fizemos a foto dele correndo com o fotógrafo Renato Pizzutto, que me ajudou a criar o estilo e a linguagem usada nas edições brasileiras da Runner’s. Mas o Drauzio preferiu não estampar a capa. Então, partimos para um plano B.
JQC: Como chegaram no conceito final?
RM: Fiz mais duas opções, tentando transmitir que o foco do livro era a corrida de rua. Fiz uma mais gráfica e outra fotográfica. O Luiz Schwarcz [dono da editora] até brincou que a capa gráfica era boa para ganhar um prêmio em Cannes, mas a foto era mais comercial. No fim venceu a fotográfica.
JQC: Você lê a obra antes?
RM: Nunca dá tempo de ler a obra antes, pois os prazos são curtos e nem sempre o livro já está editado. Mas, às vezes, recebo uma cópia bruta e consigo dar uma lida superficial, o que pode ajudar bastante na escolha das analogias visuais.
JQC: Além de escrever muito bem, o Drauzio é uma figura extremamente inspiradora. O que o leitor pode esperar desse livro?
RM: Do pouco que consegui ler, posso dizer que é uma leitura super prazerosa. Algumas histórias são divertidas, algumas podem ajudar o corredor menos experiente ou inspirar os mais assíduos.
SERVIÇO
Correr – o exercício, a cidade e o desafio da maratona
208 páginas
R$29,90
R$19,90 (e-book)
Lançamento: 25/05