Sidney Togumi conta sua saga de 330K pelos Alpes italianos em livro

Paulo Vieira

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“COMO BOM JAPONÊS, faço tudo ao contrário. Por isso primeiro veio o filme, depois o livro.”

A frase é do ultramaratonista e educador físico Sidney Togumi, um dos grandes nomes do trail run brasileiro, que nesta semana lançou oficialmente Gigante, o tal livro que veio depois e no qual narra sua jornada de superação de 2018.

Togumi/Foto: Arquivo Pessoal

“Jornada de superação” é um clichê que o próprio notebook escreve sozinho após digitarmos o “jor”, mas no caso do Togumi vem a calhar. Afinal foram 330K pelo Tor des Géants (Rolé dos Gigantes, em português castiço), no Vale d‘Aosta, nos Alpes italianos.

O “Tor” é aquele tipo de desafio em que dormir é facultativo. Quando menos tempos for “perdido” com isso, tanto melhor para o resultado final. O que não é facultativo é o itinerário com suas formidáveis pirambeiras. O ganho altimétrico na brincadeira é de 30 mil metros.

Gigante está sendo comercializado por 44 pratas (frete por conta do autor) no próprio instagram do parça, o @sidneytogumi, ou pelo sítio de sua assessoria esportiva, a upfitrail.com.br.

A meu pedido, ele selecionou e enviou o trecho que vai abaixo. Como disse na live de lançamento, ele não é exatamente escritor e por isso, humilde, pediu desculpas aos “escritores de verdade” por ter ousado fazer o trabalho.

Não conheci ninguém para “desabafar” a ansiedade, para contar os planos da prova, para ouvir alguma história interessante ou, simplesmente, para falar besteira ou jogar conversar fora sobre assuntos aleatórios e sem importância. (…) Parece estranho, mas eu sentia um conforto em todos os sentidos quando, ao passear pelas ruas da cidade, identificava alguém falando em português. Isso me dava certo alívio na solidão pré-prova.

O trecho não entrega muito do que foi a coisa toda, que afinal lhe valeram 140 horas de vida – seis dias inteiros, praticamente, o dobro do tempo do primeiro colocado. Como ele mesmo me disse antes da pandemia:

“Não tem como achar que isso é saudável, que faz bem, mas trata-se de um desafio pessoal.”

Nos dois meses que se seguiram à competição, Togumi mal fez um trotinho paquera para ir à padaria. Ele chegou mesmo a ter as pontas dos dedos dos pés dormentes por quatro semanas, tamanha a pressão acumulada ali.

Detalhe: era a segunda vez que o educador físico participava da competição.

Em abril, Togumi participou de uma live #jqc em que, entre outros assuntos, falou um pouco de como vinha enfrentando a reclusão das primeiras semanas da pandemia num exílio forçado da Mantiqueira. Segue a conversa, abaixo.

 

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Ultramaratonista conta de desafios do trail run de que participou como os 330K do Tor des Geants, nos Alpes

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Paulo Vieira

Influenciado pelo velho “Guia completo da corrida”, do finado James Fixx, Paulo Vieira fez da calça jeans bermuda e começou a correr pela avenida Sumaré, em São Paulo, na adolescência, nos anos 1980. Mais tarde, após longo interregno, voltou com os quatro pés nos anos 2000, e agora coleciona maratonas – 9 (4 em SP, 2 Uphill Rio do Rastro, Rio, UDI e uma na Nova Zelândia), com viés de alta – e distâncias menos auspiciosas. Prefere o cascalho de cada dia às provas de domingo e faz da corrida plataforma para voos metafísicos, muitos dos quais você encontra nestas páginas. Evoé.

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