Porque hoje é sábado

Paulo Vieira

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Corrida não é uma panaceia para todos os males da humanidade, digo isso e já ouço minha voz fanha ribombando num eco infinito. Se eu fosse você, leitor, encheria essa caixa de comentários com frases do tipo “Já ouvimos isso, Paulo”, “Manda outra”, “Não tá na hora de mudar o discurso?”, “Falou isso outro dia”. Até mesmo linkaria um vídeo desse personagem maravilhoso do Agildo Ribeiro (Ahhhh, a Bruuuna!).

Digam então: “Para com essa campainha, múmia paralítica!”.

De novo.

Para com essa campainha, múmia paralítica!

Ah, obrigado, precisava ouvir isso.

Então, correr é demais, é maravilhoso, e o pessoal de marketing corporativo já sacou isso. No domingo, por exemplo, a Fundação Abrinq e a ONG mundial Save the Children fazem um 5K no Minhocão, em São Paulo, “para dar visibilidade à causa da criança e do adolescente”. Era para eu ter falado disso antes, pois as inscrições já se encerraram.

Custava baratinho, 40 reais, mas como eram só 1 100 inscrições por conta da (in)capacidade do Minhocão, a arrecadação não era nem é o mais importante. O importante é dar visibilidade às ações dessas fundações, entre elas o combate ao trabalho infantil. Se quiser ajudar, há meios bastante cômodos entrando no site da Abrinq.

Outras empresas são useiras e vezeiras em usar a corrida como forma de propagar sua mensagem. Caso da Energizer, que organizou uma corrida na friaca da USP em que eu estabeleci meu “personal best” para os 10K, e da Disney, promotora da bizarra Star Wars Run.

Mas o que eu queria mesmo era convidá-los a aparecer lá na USP amanhã, dia universal do longão, no espaço do grupo JQC/Pacefit. Zelão, Darlan, o professor Wellington do treino funcional e quem mais estiver por lá garantem a diversão, o alongamento e os pontos de hidratação. Pode dizer que eu convidei, caso eu já tenha me mandado.

Só não vale dar preju no nosso café da manhã, o melhor de todas as assessorias esportivas de Sampa.

 

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Paulo Vieira

Influenciado pelo velho “Guia completo da corrida”, do finado James Fixx, Paulo Vieira fez da calça jeans bermuda e começou a correr pela avenida Sumaré, em São Paulo, na adolescência, nos anos 1980. Mais tarde, após longo interregno, voltou com os quatro pés nos anos 2000, e agora coleciona maratonas – 9 (4 em SP, 2 Uphill Rio do Rastro, Rio, UDI e uma na Nova Zelândia), com viés de alta – e distâncias menos auspiciosas. Prefere o cascalho de cada dia às provas de domingo e faz da corrida plataforma para voos metafísicos, muitos dos quais você encontra nestas páginas. Evoé.

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