Não existe área mais maniqueísta do que a nutrição: um dia o ovo é o grande inimigo das suas artérias, no outro é o herói que vai te salvar do câncer. O tomate, coitado, já mudou de lado várias vezes. Dividem até as gorduras em boas ou ruins… precisa dizer mais?
A ciência talvez seja a grande responsável por isso, já que há muitos estudos sobre alimentação e saúde. As pesquisas não são um problema em si, não me entendam mal. Mas esse fla-flu eterno à mesa deixa até o sujeito mais bem intencionado confuso na hora de comer.
Um personagem importante envolvido nessa guerra é o leite. A profana gordura animal que antes detonava o colesterol agora pode até ser aliada de quem quer ficar em forma, ajudando a manter a fome sob controle.
Uma revisão de 16 estudos publicada no European Journal of Nutrition mostrou que não há relação entre a gordura do leite e o aumento do risco de problemas cardíacos ou obesidade. Pelo contrário: os participantes que consumiram leite integral e derivados tinham menos tendência a engordar.
A nutricionista esportiva e funcional Livia Hasegawa acredita que é importante avaliar caso a caso. “Vejo muitas pessoas no consultório com intolerância à lactose e à proteína do leite que geralmente também sofrem com rinite ou sinusite”, diz Livia. “Elas apresentam sintomas intestinais, como flatulência e presença de muco nas fezes mesmo consumindo os produtos com teor de lactose reduzido”.
Mas para quem não tem intolerância, a nutricionista dá sinal verde: “Nesses casos é um alimento importante, por ser fonte de cálcio e proteína“. Com relação à polêmica desnatado ou integral, ela afirma que costuma optar pelo semidesnatado ou até mesmo o integral para indivíduos saudáveis (sempre em quantidade moderada). “Esse tipo de gordura pode ser benéfica e ajudar na saciedade.”
Na rádio CBN, Patrícia Julianelli, redatora-chefe da Runner’s World, explica melhor o que é a intolerância à lactose.