Touro abre o coração

Paulo Vieira

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O relato que os amigos do JQC estão para ler em minutos é um documento de valor inestimável. Tenho a honra, o privilégio, de ver a história bafejar suavemente o meu rosto. Um cansado editor que rejuvenesce incontinenti ao deparar com tamanha beleza, tamanha espontaneidade vinda por uma ferramenta dura e banal, o e-mail.

Aqui temos, amigos, um homem, um homem com agá como o da música, um homem, Touro Indomável, este nosso antiMacunaíma, a abrir o coração de uma maneira que eu só havia visto antes em Voltaire, Paulo Coelho, Luiz Fumanchu e Santo Agostinho.

I’ll say no more.

Mission acomplished, e agora, mané?
Mission acomplished, e agora, mané?

23 de maio. Uma nostalgia das coisas não vividas. O MMDC, 9 de julho, 1932. Quisera eu fazer parte da mitologia paulista. Non ducor, duco, quem nunca viu o samba amanhecer vai no Bixiga, vai no Bixiga pra ver.

Mas de que estou falando mesmo? Ah, sim, destes quatro meses, quatro meses e meio, que cheguei a Guantánamo, voluntariamente, é bom que se diga, e que anunciam que o fim está próximo.

Como me disse o Veron, citando o Apocalipse de São João 11:22, ou coisa que o valha, aprumai-vos, porque a passagem é estreita, vacilou ficou pequeno.

Hoje eu já passo na passagem estreita, e, se ainda não conquistei um corpo fitness, acredito estar nos 20% da população paulistana em forma. Comprei um bicicleta, mas ainda não andei, sei que se montar nela hoje consigo ir longe. Antes, pedalar 10K era uma festa, hoje correr 10K é algo possível, não fosse, talvez, minha cabeça, minha dura cabeça.

Minha cabeça dura. Um freio para que eu desenvolva mais o lado aeróbico, não entregue os pontos aos 35 do segundo tempo. Concentração talvez seja a palavra. Perder a concentração por fadiga muscular é normal, agora perder a concentração por qualquer coisa, tipo alguém passar na frente da esteira, é outra coisa. Tenho lutado muito para evoluir nessa parte.

(Nota do editor: Pega leve, Touro.)

No futebol estou sobrando, fazendo gols decisivos, e isso é uma alegria, principalmente para os companheiros de equipe, que agora contam com um ex-peso morto.

Diminuí muito o cigarro e a bebida, hoje quase não bebo, somente aos sábados e às vezes um pós-expediente de sexta. A erva, essa teve efeitos colaterais meio chatos, tipo intestino solto, por isso parei. O whey eu gosto, recomendo a todos como fonte de proteína. Respeito quem consegue viver sem cápsulas ou solúveis, mas esse não sou eu.

Meu peso chegou aos 92,15kg, me sinto leve, bonito, rejuvenescido, pessoas comentam, fico feliz também com isso. As medidas são muito menores, saí do tamanho 46 para o 42, me sinto forte, principalmente pernas e abdome, que não é um tanquinho, mas peraí. Vou chegar aos 90kg até o meio da Copa tranquilamente, se quisesse abreviava isso, bastava voltar ao regime xiita.

Só que hoje é sexta, gimme a break.

Hoje, por incrível que pareça, quero um pouco de estética corporal, músculos maiores, peitoral, abdome. Hoje entendo que uma estética melhor é qualidade de vida melhor, e por isso esta semana comecei a lesionar os músculos para valer, a chamada hipertrofia. Claro que combinando com muito aeróbico, pular corda, tiros de 300m a 14km/h… o Bolt que se cuide, amigo.

Estou aprendendo a lidar com minha ansiedade, que aumentou mesmo, mas que agora consigo identificar e busco conter. Por outro lado, para dormir a coisa melhorou muito, hoje luto para conseguir ver de novo “House” até meia-noite, antes o Scarface na madruga era rotina diária. 

O Veron quer muito que eu faça um terceiro treino semanal, sozinho, somente aeróbico, mas confesso que tenho me sentido cansado para treinar e, acreditem, 45 minutos dedicados a nós mesmos é algo difícil de conseguir mais do que duas vezes por semana.

Às vezes não consigo treinar e penso: “Porra, são 45 minutos duas vezes por semana e mesmo assim vou farrapar?”

Depois de muito insistir, Veron me passou um status da minha forma física. Abre aspas. Cárdio, evoluiu muito, mas sempre pode melhorar por conta do cigarro. Força muscular, normal, até por conta de sua dificuldade nos membros superiores. E emagrecimento, meu chapa, você voou, porque concilia dieta com vida boa nos finais de semana, coisa que eu faço questão de pedir aos meus alunos. Fecha aspas.

Meu acordo com a balança está para ser cumprido. Qual vai ser o objetivo depois disso? Cartas à redação.

Que expressão ridícula, meu Deus.

Quero mais, rapaziada, vamos traçar outra meta que eu tou no pique, musculação, cross fit, essas loucuras aí.
 

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Paulo Vieira

Influenciado pelo velho “Guia completo da corrida”, do finado James Fixx, Paulo Vieira fez da calça jeans bermuda e começou a correr pela avenida Sumaré, em São Paulo, na adolescência, nos anos 1980. Mais tarde, após longo interregno, voltou com os quatro pés nos anos 2000, e agora coleciona maratonas – 9 (4 em SP, 2 Uphill Rio do Rastro, Rio, UDI e uma na Nova Zelândia), com viés de alta – e distâncias menos auspiciosas. Prefere o cascalho de cada dia às provas de domingo e faz da corrida plataforma para voos metafísicos, muitos dos quais você encontra nestas páginas. Evoé.

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