Aproveito que pesquisava citações de grandes líderes da humanidade esta manhã para introduzir um “caput” neste post. Não tem muito a ver, ou melhor, não tem nada a ver, mas vai ficar bom.
“O Exército do Povo (…) luta pelos interesses, não de poucas pessoas (…), mas das grandes massas e da nação. O princípio formador desse Exército é posicionar-se firmemente ao lado do povo e atendê-lo com o coração aberto”.
Do “Livro Vermelho”, do Grande Timoneiro, tradução tabajara do inglês por Paulo Vieira.
E agora, para que não digam que eu só falo do ponto de vista do corredor, abro espaço para a Júlia Fernandes*, de Beagá, cujo namorado geólogo corre contra o relógio e se exaspera às vezes com isso.
Ela conta como é ser guarda-volumes e torcedora de um meio maratonista. Ó eles aí.
No último dia 27 de abril foi realizada a Media de B’Aires, meia maratona que integra o Circuito Sudamericano 21k Performance, que, além da capital portenha, também contempla as cidades de São Paulo, Florianópolis, Lima e Santiago.
O evento teve 6 mil corredores inscritos e destes, 572 eram brasileiros. Entre eles, Felipe Pimenta da Silva, atleta amador, que participou pela primeira vez de uma prova de 21K. Sou sua namorada, e na prova desempenhei as funções de guarda-volumes e torcedora.
Durante 1:38:49, o tempo do Felipe, reparei nas pessoas que aguardavam ansiosas por bons resultados e me encantei ainda mais com a corrida por conta dos benefícios que ela leva a seus praticantes.
A prova foi iniciada pontualmente às 7h30. Os atletas atrasados eram esperados por dois palhaços aparentemente inofensivos, mas que se tornavam irritadiços caso os retardatários não os cumprimentassem.
Para mim, contudo, o mais nervoso e irado naquele dia era mesmo o “meu atleta”. Nos dias que antecederam a prova algumas coisas começaram a dar-lhe nos nervos. Não era só o frio na barriga, mas a expectativa severa de completar todo o percurso com o tempo estipulado de 1:40, as cobranças pessoais, as recomendações do treinador da assessoria esportiva sobre roupas para o frio.
Recebi até mensagens da família via skype para acalmar o rapaz.
Para que tudo fosse realizado como manda o figurino, acordamos bem cedo, fomos de táxi até o local, fizemos um reconhecimento de território. Aos poucos, o atleta do dia foi se acalmando.
Procurei conversar sobre coisas aleatórias, encontrar compatriotas aqui e acolá, elogiar o verde que nos cercava (a prova aconteceu nos bosques de Palermo) e comprar água. Na hora em que o desespero não estava mais tão “aparente”, peguei sua mochila e pedi para guardar a roupa quente que abrigava o uniforme de corrida por baixo.
Atleta pronto, beijo de boa sorte e incentivo para que tudo ocorresse da melhor forma possível. Era hora de correr!
Pensam que o trabalho do guarda-volumes é fácil? É dele a responsabilidade de motivar o atleta e de dizer repetidas vezes que todo o esforço já desempenhado nos treinamentos é necessário para seguir em frente.
Quando este “profissional” também é jornalista, como é o meu caso, é também dele a função de registrar em fotos e texto toda bonança que vem depois da tempestade de emoções do corredor.
Reconhecida a “profissão” ou não, até que é gratificante celebrar o êxito obtido no final da manhã e ver um grande sorriso de satisfação por completar a prova a contento.
*Júlia Fernandes é jornalista e guarda-volumes nas corridas do namorado. Pratica pilates.