Foi mais difícil assisitir a um festival em Interlagos do que participar de uma prova no Autódromo. A corrida aconteceu duas vezes, em 2010 e 2011, como parte da programação do finado QR Experience. Se não me engano foi a primeira vez que a pista foi usada por gente que corre a menos de 20 km/h.
E olha que a prova não foi fácil: não tem meia sombra de árvore na área e, pelo menos na primeira edição, o dia esquentou mais do que o esperado. A prioridade é a segurança dos pilotos, não o conforto térmico dos pangarés, faz sentido. As subidas e descidas também não são moleza, mas faz parte da brincadeira. O problema mesmo é a inclinação da pista. Parecia aquelas corridas teimosas em praia de tombo em que você sente os tornozelos tentando entender o que é assimetria.
Mas no Lollapalooza camelei muito mais no Autódromo. Começou já na saída do trem até o portão de entrada, com uns 15 minutinhos de aquecimento. Mais uma meia hora só para avistar o palco principal, com uma parada para garantir a hidratação com Skol no copo de plástico a nove reais. Depois de descolar um pedaço de grama com vista privilegiada, carinhosamente apelidado de Monte Sinai, começou a preparação para o grande desafio: o show do Arcade Fire.
Sentados, preparamos os músculos e o espírito para as próximas horas. Levei mais uma meia hora para fazer um bom estoque de carboidratos (e gorduras) com um pastel de queijo. Traçamos a estratégia para decidir a hora de acelerar e o ângulo certo para chegar mais perto do palco. Em menos de três minutos de show, já veio o barato. A dor na perna de tanto ficar em pé vai embora, os adversários naqueles preciosos centímetros quadrados de repente viraram brothers. Muita emoção. Mas quando terminou, na hora da dispersão, vi aquela massa humana se movendo pela pista e comecei a sonhar com banana e tenda de massagem.