Se você tiver mais de um tênis de corrida, você provavelmente tem um xodó. Aquele par que você usa e se sente incrivelmente confortável, queniano ou estiloso. É diferente do tênis-superstição, que a gente usa porque no fundo acredita que só com ele consegue correr a melhor prova da vida.
O queridinho é aquele que você, se pudesse, usava todos os dias. Mas, se for muquirana como eu, não usa para não “gastar”. No meu caso, não se trata apenas de uma questão econômica, mas logística e emocional. O Brooks Pure Drift, meu xodó, não é vendido nas lojas do Brasil. Recentemente, o site da marca anunciou que realiza entregas por aqui, mas não encontro o mesmo modelo e confesso que ainda não desapeguei do meu original. Paixão tem dessas coisas.
A Brooks teve uma passagem rápida pelo Brasil, mas há alguns anos não tem representantes por aqui. Foi um problema de importação, pelo que me lembro na época. Enquanto estava na Runner’s World, cheguei a participar de uma reunião com uma turma que pensou em trazer a marca para cá, mas não virou. Apesar de pouco conhecida por aqui, em 2013 a Brooks foi a terceira marca mais vendida nos Estados Unidos, atrás apenas de Nike e Asics.
Não sei se são meus olhos apaixonados, mas acho o Pure Drift uma belezinha. Uso as vezes para ir trabalhar (tomando muito cuidado com chuva, terra e outras ameaças desse mundo cruel) e ele arranca suspiros até de quem não corre. Tem corredor que se orgulha de “só comprar tênis fora”, mas acho isso meio arrogante e triste. Queria mesmo é poder usar meu favorito sem dó e ir na esquina comprar um igualzinho- por um preço honesto- quando precisasse. Enquanto isso não acontece, ele continua descansando em um lugar especial do meu armário e ocupando um lugar de muito destaque no meu coração.