Gordura saturada: de vilã a mocinha

Paulo Vieira

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GORDURA SATURADA é o tema da coluna de nutrição deste mês da colaboradora do JQC Livia Hasegawa.

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NA NUTRIÇÃO HÁ ELEMENTOS que vão de vilão a mocinho. Como a gordura saturada, que um dia já foi supercondenada.

A gordura é um nutriente que promove bastante saciedade e ativação do centro de prazer no nosso cérebro. De maneira geral, quando há redução no consumo de gorduras tendemos a aumentar o de carboidratos, em especial os refinados de alto índice glicêmico: arroz branco, pão, açúcar, doces etc.

Esses alimentos também causam sensação de prazer ao ser consumidos.

Nos maus tempos da gordura saturada, a indústria investiu em produtos light e diet. Com isso, alimentos com gordura natural passaram a ser apresentados também em versão com menos gordura – e mais carboidratos. Caso do leite integral e de sua versão “desgordurada”, o desnatado.

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Mas há um problema. O aumento do consumo desses carboidratos pode levar ao desenvolvimento da chamada dislipidemia aterogênica. E essa disfunção pode acarretar aumento do número de triglicerídeos e das partículas pequenas e densas de LDL (as mais perigosas) e redução do HDL-colesterol.

Ingerir muito carboidrato ainda estimula a síntese hepática da gordura saturada, a chamada “síntese de novo”.

Portanto, trocar gorduras saturadas por mais carboidratos faz com que seu próprio corpo aumente a produção de gordura saturada endógena (interna) pelo fígado.

Diante disso, você deve estar a se perguntar: consumir gorduras saturadas faz mal ou não?

A resposta é NÃO, caso o consumo, claro, não seja excessivo. Apenas para uma parcela minoritária da população a gordura saturada pode atuar como vetor de inflamações.

Faço uma ressalva. Quando falamos de consumo de gordura saturada de origem animal, deve-se reconhecer que atualmente os animais são alimentados com rações ricas em ômega 6, agrotóxicos e antibióticos.

Esses compostos estranhos, ou “xenobióticos”, no jargão científico, são armazenados na gordura dos animais e chegam até nós, com consequências preocupantes.

Estudos mostram que a alta concentração de xenobióticos no nosso corpo está correlacionada com taxa alta de proteína C reativa (que sinaliza inflamações), diabetes tipo 2, incidência de síndrome metabólica e doenças cardiovasculares.

O noiz aí traveis/Reprodução: Pink Floyd
O noiz aí traveis/Reprodução: Pink Floyd

Vale, portanto, ter cuidado com o consumo excessivo de gordura saturada de origem animal, já que a maioria da população não tem acesso fácil ao animal criado solto, com menos xenobióticos.

A gordura saturada não vai te matar, mas você deve inseri-la dentro de um plano alimentar adequado, que não seja vetor de inflamações.

Mantenha um estilo de vida saudável e consuma sim a gordura natural dos alimentos. E viva feliz, sem extremismos ou radicalismos alimentares.

 

Livia Hasegawa – Nutricionista esportiva e funcional formada pela USP
Instagram: @liviahasegawa | Facebook: Nutrição Esportiva e Clínica Funcional
Atendimentos em São Paulo: (11) 2626-1449
Site: www.nutricaoesportivaeclinica.com

 

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Paulo Vieira

Influenciado pelo velho “Guia completo da corrida”, do finado James Fixx, Paulo Vieira fez da calça jeans bermuda e começou a correr pela avenida Sumaré, em São Paulo, na adolescência, nos anos 1980. Mais tarde, após longo interregno, voltou com os quatro pés nos anos 2000, e agora coleciona maratonas – 9 (4 em SP, 2 Uphill Rio do Rastro, Rio, UDI e uma na Nova Zelândia), com viés de alta – e distâncias menos auspiciosas. Prefere o cascalho de cada dia às provas de domingo e faz da corrida plataforma para voos metafísicos, muitos dos quais você encontra nestas páginas. Evoé.

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