Touro se grila com seus tríceps

Paulo Vieira

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Como diziam os locutores de corridas de cavalo, se ainda os há, Touroooo apontaaaaaa na reta finaaaaaaal. No outono de seu programa de reeducação corporal, ou, para sermos mais precisos, de perda de peso e ganho de braço, Touro Indomável exulta com os resultados alcançados em cinco meses. Tirante os braços, é verdade.

Agora, dopado pela endorfina que o banha após cada sessão em Guantánamo, matuta maneiras de enganar seu patrocinador – a gente – para seguir levando uma graninha para dar as caras aqui. Vai que é tua, boy.

Touro sente o tranco
Pra cima é que se joga/Foto: Arquivo Pessoal

Voltar ao peso dos tempos do ringue, a razão de eu estar aqui, já são favas contadas. Por isso o Paulo já me deu um toque, nada sutil, como é de seu feitio, para eu inventar algum outro objetivo. Do contrário, ele prometeu acabar logo com o subsídio, ou “subzídio”, como prefere pronunciar.

“Se vira aí ou eu cato outro gordo que tiver à mão”, mandou o portuga.

Eu pensei em participar de uma prova de wingsuit, fazer treinamento de sobrevivência na selva, passar o dia na porta da Faap jogando truco, mas decidi voltar as baterias para o que eu já faço agora. Tenho pedido para o Veron, capitão de Guantánamo, para me ajudar a desenvolver a musculatura dos meus braços, meus combalidos tríceps, e quem sabe virar um Stallone, um Gilvan Filho, um Mr. Muscles.

Deus não me fez desdentado nem feio, modéstia à parte, mas fraco de braço sim. Meus tríceps doem mesmo quando não são 100% exigidos, nos exercícios em que entram como coadjuvantes dos bíceps. Logo a fadiga vem, e aumenta sem volta. Por outro lado, trabalhar o peitoral é sempre legal, junto com os bíceps traz resultados instantâneos.

Provoca aquele famoso narcisismo após o exercício. O músculo incha, a postura melhora, a coisa funciona!

O Veron tem proposto uma pirâmide invertida em relação às repetições, com aumento de carga. Começo, por exemplo, em supino de 35kg (15 repetições), aumento para 45kg (12 repetições) e daí para 55kg (8 repetições). Depois de um descanso (nos dias de bom humor) de 30″, vem 15kg (20 repetições) em alta velocidade. Eis a receita para os ganhos musculares. A fita métrica já anda na mochila.

No mais, colocaram esteiras que agora marcam BPM na academia da Abril. Na última sessão minha marca ficou entre 153 e 176 o treino todo, seguindo a moda da alta frequência cardíaca para quem quer alta queima calórica.

Quer outra novidade? Finalmente encontrei meu café da manhã para os treinos: duas bananadas daquelas de embalagem verde e um Nespresso ristretto, o de grau 10. Mando a dupla andando na esteira durante o aquecimento, e esse é o verdadeiro breakfast dos champions. Só falta comporem a música agora!

Hoje sangrei meu tornozelo com auxílio de uma meia ruim, só percebi na hora do banho.

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No pain no gain, amigo! Vou mandar a foto da dita-cuja pro Neymar, Hulk, Fred e companhia bela, como naquela campanha de uma operadora de telefonia, quem sabe esses come-bebe-dorme entendem o espirito da coisa!

Baccio coletivo.

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Paulo Vieira

Influenciado pelo velho “Guia completo da corrida”, do finado James Fixx, Paulo Vieira fez da calça jeans bermuda e começou a correr pela avenida Sumaré, em São Paulo, na adolescência, nos anos 1980. Mais tarde, após longo interregno, voltou com os quatro pés nos anos 2000, e agora coleciona maratonas – 9 (4 em SP, 2 Uphill Rio do Rastro, Rio, UDI e uma na Nova Zelândia), com viés de alta – e distâncias menos auspiciosas. Prefere o cascalho de cada dia às provas de domingo e faz da corrida plataforma para voos metafísicos, muitos dos quais você encontra nestas páginas. Evoé.

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