TER UMA CONCORRENTE NO MESMO QUINTAL, como acontece há três anos com a velha mara de São Paulo, a da empresa Notcom, põe à prova o princípio basilar da economia, a da tal livre concorrência.
(Livre uma ova, já que são apenas duas empresas a organizar um 42K em Sampa, uma delas prima-irmã da Globo e o que isso se traduz em termos de facilidades logístico-corporativas).
Mesmo assim, essa empresa prima da Globo, a Notcom, faz, sob todos os aspectos, uma maratona muito inferior à da concorrente Iguana. Ontem isso ficou ainda mais claro.
Enquanto a da Iguana tem DJ no túnel sob o rio Pinheiros, quarteto de cordas ao lado do Municipal, tendas de massagem e banda na dispersão, trata a maratona, em suma, como uma experiência digna de espetáculo – e nesse sentido inclusiva e convidativa para novos ingressantes –, a Notcom radicalizou a ideia de que gente que faz 42K só quer saber de correr.
Nada mais.
A determinação “nuttelaless” não foi, me parece, estratégia deliberada. Vendo que a vaca está indo pro brejo em termos de faturamento com inscrições, neguinho decidiu cortar onde dava.
Pode-se dizer que não havia nada. Cito o que não houve:
a) Atração musical nenhuma ao longo dos 42K.
b) Feira decente. Este ano, ela ocupou ainda menos espaço no ginásio do Ibirapuera, o que originou filas de 40min no sábado pela manhã na hora de retirar o kit. No momento da saída, era preciso se espremer no meio dos vendedores de tênis.
c) Atrativo algum na dispersão, exceto um locutor chamando atletas de elite para o pódio – dando dura, aliás, na quarta e quinta colocada da meia-maratona por terem preferido ir embora antes da premiação.
d) Iluminação no túnel sob o rio Pinheiros. Em conversas com a prefeitura, especulo, disseram que corredor não precisava de muita luz naquele quilômetro interminável, e adotou-se o modo, digamos, econômico. Se eu soubesse de antemão, levava uma carbureteira.
e) Um sistema de traslado entre a chegada, no Ibira, e a largada, no Pacaembu, para quem foi de carro – o que é infelizmente bastante pertinente em horário em que não há transporte coletivo. Trocar uma ideia com o Uber ou outros aplicativos para montar um bolsão na dispersão, nem pensar.
A MARA DE SP: DEBOAS E PERRENGUES
MINHA PRIMEIRA MARA DE SP: VIVACE
MINHA PRIMEIRA MARA DE SP: ANDANTE MODERATO
MINHA SEGUNDA MARA DE SP: 14 GRAUS A MAIS, 14 MINUTOS MENOS
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A 25ª mara de SP da Notcom foi o primeiro grande evento patrocinado pelo novo mecenas do mercado de corridas, a Cosan (dos postos Shell e da Comgás, entre muitas outras empresas).
Curiosamente, na coletiva de lançamento da campanha, o publicitário Nizan Guanaes disse que a “ativação das marcas” nas corridas de rua no Brasil é “amadora”, sugerindo que, com a Cosan, adentrávamos na nova era dessa relação.
Seguimos esperando. Ontem, hospedeiro e hospedado desceram um grau na corrida pelo profissionalismo desse tipo de evento.
Foto da home: divulgação
So pergunte a iguana quantos meses eles devem de pagamento aos fornecedores. Eh melhor fazer uma festa simples mas pagando tudo certinho do que fazer um festao e nao pagar ninguem
Vergonhoso foi ver a falta de organização para os atletas de elite dos 21k . Como foram liberados após as ondas da maratona, o pessoal de Elite tinha que ficar desviando da galera sem que houvesse um corredor para eles. Vergonhoso.
Tenho certeza que fez essa nota só para aparecer, nunca vi tanta asneira em poucas linhas.
Deveria se informar melhor, ter umas experiências fora do Brasil para comparar.
Mas segue o jogo.