A MARA DE SÃO PAULO, aquela organizada pela empresa Notcom, que chegou anteontem à sua 25ª edição, foi uma maratona de raiz. No sentido de não haver nada além do básico, talvez menos do que o básico –água e medalha para os corredores –, apesar do valor da inscrição não ter caído significativamente.
Eu paguei 110 paus no kit sem camiseta. Com camiseta era 20 a mais. Deu para dividir em duas vezes no cartão.
Este pasquim indicou no post de ontem alguns problemas da prova, indicativos de queda de qualidade em relação às edições anteriores.
Como se tratava da primeira grande prova a receber dinheiro de um novo – e grande – patrocinador de corridas, o grupo Cosan, a expectativa, ao menos deste editor, era que o evento melhorasse.
Sabe nada, inocente: a Cosan entrou com o pé esquerdo, e a Notcom voltou a fazer o que dela se espera: nada.
Os problemas apontados ontem foram os seguintes:
a) Atração musical nenhuma ao longo dos 42K.
b) Feira decente. Este ano, ela ocupou ainda menos espaço no ginásio do Ibirapuera, o que originou filas de 40min no sábado pela manhã na hora de retirar o kit. No momento da saída, era preciso se espremer no meio dos vendedores de tênis.
c) Atrativo algum na dispersão, exceto um locutor chamando atletas de elite para o pódio – dando dura, aliás, na quarta e quinta colocada da meia-maratona por terem preferido ir embora antes da premiação.
d) Iluminação no túnel sob o rio Pinheiros. Em conversas com a prefeitura, especulo, disseram que corredor não precisava de muita luz naquele quilômetro interminável, e adotou-se o modo, digamos, econômico. Se eu soubesse de antemão, levava uma carbureteira.
e) Um sistema de traslado entre a chegada, no Ibira, e a largada, no Pacaembu, para quem foi de carro – o que é infelizmente bastante pertinente em horário em que não há transporte coletivo. Trocar uma ideia com o Uber ou outros aplicativos para montar um bolsão na dispersão, nem pensar.
No site e nas redes sociais, outros corredores comentaram o texto. Alguns preferiram detonar o articulista, vendo nele uma inclinação “nutella”. Outros se incomodaram especialmente com a falta de isotônico e com a desorganização para a largada do pessoal do 21K.
Eis uma seleta editada do que escreveram. Quando necessário, as opiniões da tigrada foram traduzidas para o português.
Juradyvan Germano chamou a prova de “lamentável”. “Tive de parar para comprar um isotônico. No meu entendimento, os postos de abastecimento têm obrigação de servir até o último atleta. A elite termina as provas com carne de primeira, o resto, com o fim de feira.”
André Alves fez graça com a reclamação da falta de luz no túnel sob o rio Pinheiros. “Luz no túnel não tem mesmo. Só no fim do túnel, quando saí.”
Tiago Borges, de maus bofes, perguntou: “É sério que tem gente que corre pra ouvir música ao vivo ao longo do trajeto?”
(sim, é sério, embora não seja exatamente o meu caso)
Angela Katia Souza foi na mesma linha, mas endereçou um petardo também à Notcom: “Povo deveria reclamar por não ter um isotônico no percurso para provas longas, não reclamar por não ter músicas.”
Rafael Rodrigues cortou a bola levantada: “Ter música é o de menos, já que não é item essencial, mas não ter isotônico, ter poucos bolsões de água e somente de um lado da pista ou na curva do retorno do minhocão? Estamos falando de uma prova internacional, bronze da IAF, não deveria ser assim.”
E fez um comparação, como este pasquim já havia feito, com a mara SP City, da concorrente Iguana. “A Yescom tem muito o que aprender com a Iguana.”
Afonsinho Junior concordou: “Água tinha de 3 em 3K, faltou isotônico mesmo. Mas sinceramente, Iguana mil vezes à frente! Já corri duas SP City e duas Yescom, posso falar com propriedade.”
Natalia apontou um outro problema: “Vergonhoso foi ver a falta de organização para os atletas de elite do 21K . Como foram liberados após as ondas da maratona, tinham de ficar desviando da galera sem que houvesse um corredor para eles. Vergonhoso.”
O Jorge Afonso, vencedor ou não, ficou sem as batatas. “Faltou batata já dentro da USP. Parece que colocaram uma quantidade mínima. Pensei até que não iam dar este ano. Mas ao ver os saquinhos no chão, vi que houve entrega, mas não o bastante. Lamentável.”
Outro Jorge, que preferiu não declinar o sobrenome, ateou fogo ao circo corporativo: “Pergunte à Iguana quantos meses devem de pagamento aos fornecedores. Melhor fazer uma festa simples mas pagando tudo certinho do que fazer um festão e não pagar ninguém.”
Emerson Barreto, em momento Tássia (apud Ricardo Freire), quis botar fogo no mensageiro: “Esses corredores Nutella devem ter ido pra corrida achando que iam pro Lollapalooza. Passam o percurso todo andando e atrapalhando quem corre.”
João Paulo de Oliveira, com certeza mediúnica, veio pra cima do autor: “Tenho certeza que fez essa nota [a gente chama de matéria ou reportagem, na verdade] só para aparecer, nunca vi tanta asneira em poucas linhas. Deveria se informar melhor, ter umas experiências fora do Brasil para comparar. Mas segue o jogo.”
[Aproveitando a deixa, JP, leia sobre a participação deste pasquim na maratona de Hawke’s Bay, na Nova Zelândia, em 2017]
Claudio D Almeida Santos foi lapidar: “Essa empresa [Notcom] só quer grana.”
Fabio Bardez deu uma de Abel, o treinador do Flamengo, falando na coletiva pós-jogo de seus críticos de São Paulo: “A corrida estava ótima!!! Tem de reclamar das pessoas sem noção que ficam andando pela esquerda e atrapalhando quem está correndo! Quando quiser andar, vá ao parque Ibirapuera.”
E um raro tiro na Iguana veio do Rio, da Danielle Machado: “A Rio cCty tirou a música também do Joá.”
Organização foi Boa, tempo ajudou muito, muita alegria e superação. Detalhes, são detalhes. Devemos pensar na estrutura como um todo, tirar o foco dos detalhes. Nota dez o evento.
Sobre a Rio City, gente sou de fora do Rio e fui participar eu fui praticamente judiado com o horário da largada as 07 da manhã naquele sol insuportável que tava (marcando 40º no relogio de cabeceira de praia), a iguana tem que ver isso, pois vi muita gente passando por vexame, sobre hidratação faltou em 2 postos no km 12 e 15, isotonico quentes e sobre a banda passei por uma batucada lá, de resto a corrida foi top.
Na comemoração de sua 25ª edição e ainda contando pela primeira vez com o selo bronze da IAAF. a Yescom não poderia ter cometido erro pior na Maratona de São Paulo: erraram o percurso previsto no Km26 na R. Alvarenga próximo a entrada da USP!!
Ao invés de entrarmos direto a esquerda como previsto no mapa do percurso, fomos em frente e retornamos pouco antes da ponte da Cidade Universitária, o que totalizou um percurso maior de aproximadamente 600m, o que torna os resultados tanto da elite quanto dos atletas amadores inválidos para fins de homologação de recordes e ranking de maratonistas. Como podem depois da mudança de trajeto por motivo que com boa antecedência foi resolvido, não voltarem ao trajeto original (melhor) ainda cometerem um erro tão amador? Será com os fiscais da federação viram isso? Após outro corredor me mostrar na chegada a grande diferença registrada em seu GPS (que nem sempre é muito preciso, ainda mais com os tuneis) resolvi medir todo o trajeto com ferramenta do google/maps e constatei o erro. Medi com cuidado pelo google/maps conforme o percurso previsto e realizando um tangenciamento mais adequado possível no trajeto previsto e se não fosse pelo vai e volta a mais não previsto na R. Alvarenga (km26) a distância estaria correta. Interessante foi ver que eles mudaram o trajeto neste ponto do mapa na segunda-feira após a maratona (imagino que tenham tido alguns questionamentos de outros corredores, etc), porém tenho tudo salvo nos prints de tela com data e horário.