Certa vez um repórter perguntou a Haile Gebrselassie, medalhista olímpico que quebrou dezenas de recordes ao longo de sua carreira no atletismo, como ele conseguia correr a maratona em 2h03min59. O etíope respondeu: “Correr duas horas é fácil, o duro é passar mais de cinco horas correndo”.
Ele se referia ao fundão, à rabeira, aos retardatários que são os últimos a cruzar a linha de chegada. É o caso do espanhol Juan Zaragoza, que já até mandou fazer uma camiseta com os dizeres “The Last Man” (ou o último homem) para mostrar que não está com pressa.
A MARATONA É CRETINICE FISIOLÓGICA
Em 2004, Zaragoza foi diagnosticado com granulomatose de Wegener e bronquiectasia pulmonar, duas doenças raras que afetam a respiração. O tratamento inclui quimioterapia e os médicos disseram que ele dificilmente passaria dos 40 anos de idade.
Em entrevista ao jornal El País, Zaragoza conta que começou a correr ainda mais depois de receber o diagnóstico. Aos 48 anos, completou 271 meias e 34 maratonas. Foi o último colocado em 197 delas.
É PRECISO DESRESPEITAR A MARATONA
Ele não tem dúvidas de que a corrida foi fundamental para superar as expectativas médicas. Fã de Gandhi, tortilha de batatas e um bom vinho, o espanhol gosta de treinar cedo e ainda pratica tênis regularmente.
Outro dia ganhou de presente uma camiseta com seus 17 piores tempos em provas de rua. Ao contrário de muita gente que fica obcecada por segundos a menos, ele tem orgulho de seguir firme independente do relógio. Para Zaragoza, o mais importante é seguir correndo.