A corrida tem sido vetor de algumas histórias bonitas. Há os que recuperam a saúde, outros, a autoestima. E há aqueles que, ensinando-a, colocam no pacote também cidadania e inclusão social.
Como a Marineide dos Santos Silva, a Neide, baiana de Porto Seguro, uma brasileira que definitivamente faz jus ao bordão marqueteiro “não desisto nunca”. Abandonada pelos pais, trabalhou toda a infância em oficinas de costura em São Paulo.
Quando finalmente encontrou a mãe, aos 16 anos, seu sonho de toda a vida, amargou mais trabalho e um dia-a-dia sem qualquer privacidade, num cortiço no Capão Redondo.
Teve depois o marido assassinado pela polícia e um dos filhos por um ladrão – um menino da vizinhança que caiu no crime.
Com tudo isso, ela se tornou uma líder comunitária, importante na criação do parque Santo Dias, praticamente a única área verde do Capão Redondo, a região de São Paulo cantada em prosa e sangue pelos Racionais MCs.
No parque, começou a ensinar corrida a uma vizinha. Logo eram 30. Maratonista com tempo de 3:10, hoje ela provê aulas de corrida para 200 adultos e 250 crianças nos dias úteis. Aos sábados, as crianças ainda contam com aulas de inglês.
Escrevi um perfil alentado para a edição brasileira da Vice, a revista americana papo-retíssimo. Você pode lê-lo aqui.