Nordestão

Paulo Vieira

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Boa Viagem/créd: A Duarte (Flickr)
Boa Viagem/créd: A Duarte (Flickr)

Vejam como é difícil o trabalho do editor. Ao pensar neste post, que escrevo do Recife, considerei falar algo sobre a cidade, que havia oito, talvez dez anos, não punha os pés.

Fiquei muito surpreso com o metrô – metrô no Nordeste! E chega ao aeroporto!! É bem verdade que o aeroporto está a 10 reais de táxi de Boa Viagem!!! A profusão de exclamações é em homenagem a um colega de Viagem e Turismo dos anos 2000!!!! Ele gostava de colocar assim, várias juntas!!!!! E é legal mesmo!!!!!!

Sim, e onde estava mesmo? Recife. Fiquei surpreso com o metrô e felicíssimo com a agitação do Recife Antigo, cheiaço ontem, com vários grupos de maracatu, um de frevo, minifeira de livros, crianças nas ruas, do outro lado gente pescando no arrecife, embaixo do pintão em restauração do Brennand, um arraso, uma inveja de que todas as cidades tivessem um domingo no centro como Recife.

Muito bem, queria falar do Recife, mas não só, já que estive nos últimos quatro dias também em Fortaleza e Salvador e acabo de aparecer no programa do Arthur, lá da TV Pajuçara, de Maceió.

Então pensei em “Bye, Bye, Brasil”, cuja letra não inclui Recife nem Fortaleza, a primeira talvez por não rimar com o repertório lírico, a segunda quem sabe pela métrica, por ter sílabas demais.

E depois de uns 30 anos ouvindo a música constatei que não sabia o que significava Tabaris (onde o som é que nem os Bee Gees) e jamais me preocupei em procurar saber.

Até hoje. Parece ter sido uma casa de tolerância de Salvador daquelas com orquestra e frequentadores insignes e que, por sinédoque, possivelmente gerou outros tabaris pelo Nordeste afora.

Sinédoque, sei.

Como disse no começo, o trabalho do editor não é fácil. E como ele está de folga hoje, vocês estão lendo o que vocês estão lendo. O lead, se existe algum, está no pé. E não só está no pé como está no pé esquerdo, o quebrado, pois esse lead nem relato de um fato é,  é uma pergunta.

A seguinte:

– Corredores de Salvador, Recife, Fortaleza e Maceió, vocês têm orlas urbanas extensas e calçadões superconvidativos. E vocês correm  neles com o mar batendo lindamente ao lado. Quando não dá, especialmente em Salvador e Fortaleza,  vocês se metem no meio dos carros, nas ruas. É um cenário maravilhoso, propício, às vezes nem tanto. Mas a pergunta de fato está aqui: como é possível correr sob 26 graus já a partir das 5 da manhã?

Qual é o segredo?

(Nessas horas, a recomendação do ortopedista de só caminhar e pedalar durante seis semanas até que não soa tão deprimente).

 

 

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Paulo Vieira

Influenciado pelo velho “Guia completo da corrida”, do finado James Fixx, Paulo Vieira fez da calça jeans bermuda e começou a correr pela avenida Sumaré, em São Paulo, na adolescência, nos anos 1980. Mais tarde, após longo interregno, voltou com os quatro pés nos anos 2000, e agora coleciona maratonas – 9 (4 em SP, 2 Uphill Rio do Rastro, Rio, UDI e uma na Nova Zelândia), com viés de alta – e distâncias menos auspiciosas. Prefere o cascalho de cada dia às provas de domingo e faz da corrida plataforma para voos metafísicos, muitos dos quais você encontra nestas páginas. Evoé.

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