Um dos posts de maior repercussão da primeira dentição do JQC foi este aqui, que a Talita escreveu sobre o que ouvir quando se corre. O Marcos Lauro, hoje apresentador da Rádio Eldorado – a rádio que toca Sade, ou melhor, a rádio dos melhores ouvintes, segundo definição própria -, e o Pedrão “Peu” Treze, dois bons amigos que tocam em festas udigrudis de São Paulo e adjacências, foram consultados e sugeriram playlists. O Marcos Lauro até se permitiu fazer um comentário técnico, propondo músicas no tempo 4/4, que eu imaginava ser uma sigla do mundo automotivo, mas que depois aprendi ser o tempo predominante de boa parte da música pop ocidental.
Como eu já fui muito metido nesse negócio, DJ amador no apagar das luzes do vinil e outras mumunhas mais, fiquei com vontade também de meter minha colher. O diabo é que eu corri pouquíssimas vezes com fone de ouvido, então esta seleção deve funcionar menos para pistas de cascalho do que de dança. Desaconselhável para uma aula de spinning com pirâmides.
Strokes – Apresentações dispensadas. Vale qualquer coisa. Tudo é phoda. Use sem moderação. Ok, para não dar uma de PSDB, três indicações: as matadoras e óbvias “Hard to Explain” e “You Only Live Once” e a mais “meditativa” “On the Other Side” (do álbum “First Impressions of the Earth”).
Pavement – A banda heroi do indie rock dos anos 90 é boa para um longão, e isso quando você já estiver lá pelo 27º quilômetro. Talvez o amigo já tenha ouvido “Cut Your Hair”, mas experimente também as introspectivas “Shady Lane”, “Grounded” e, claro, “Major Leagues”.
Sparklehorse – Mark Linkous já havia batido na trave umas tantas vezes, e enfim conseguiu se matar em 2010, aos 47 anos, mesma idade que me espera a partir de fevereiro. Felizmente deu tempo para eu assistir a um show de sua banda em Paris, 2006. Ouvir “Sick of Goodbyes” pode não melhorar sua performance de corrida, mas vai agradar; já “Cow”, com toda aquela equalização e timbres estranhos, talvez lhe leve às lagrimas aos 85%-90% do esforço cardiorrespiratório. Como dizem em Florianópolis, cosamailinda.
Hooked on Classics – O acervo é interminável, mas experimente a escala ascendente de “Pompa e Circunstância” (Elgar). O problema é começar a se achar dentro de um filme – e trajado como um Napoleão de hospício em plena São Silvestre; a Sinfonia 41 (“Júpiter”), de Mozart, e o Allegro para Fá Maior do “Concerto de Brandemburgo”, de Bach, também são bacanas, especialmente se você estiver numa região cheia de coníferas, como em Spa-Francorchamps ou na Mantiqueira.
Rapaz, que beleza de lista. Se prapara aí pro volume 3, em breve. 🙂