Se falássemos aqui de futebol, eu certamente já teria lançado mão nos meus posts de algumas frases lapidares, provérbios e aqueles clichês que não morrem nunca. Mas eles dificilmente funcionam no mundo das corridas. Pátria de tênis estruturados? Circuito é circuito e vice-versa? Bem, “treino é treino, corrida é corrida” não é de todo ruim. E tem também o mais clássico deles, que guardei para a próxima linha.
Aqui está: o facebook do JQC é uma caixinha de surpresas. De ontem para hoje dobramos nosso número de curtidores. E isso sem fazer qualquer esforço. Mistério.
E por haver tanta gente nova – e boa – no barco agora, não custa, penso, reafirmar alguns princípios desta casa editorial e deste corredor à procura de uma boa luta (uma maratona) sem perder a ternura (uns birináites vez ou outra) jamais. Aqui vai a primeira parte das, digamos, leis que nos regem.
A FILOSOFIA DO JORNALISTAS QUE CORREM – PARTE 1
– Correr é bom. Correr é ótimo. Desde que você goste disso. E nem sempre é fácil gostar. Na dúvida, jogue frescobol.
– Correr exige disciplina. Certo. Mas se você pensar muito nisso e for um indisciplinado como eu, danou-se. A boa notícia: dá para achar regularidade na irregularidade. Correr duas vezes por semana é bom, correr uma, também, e, se for o caso, não se apequene por correr uma vez por mês. Mas não deixe de correr.
– Um jornalista que corre é antes de tudo um jornalista (que corre). Que adora vinho, cerveja, feijoada de boteco às quartas e sábados. E adora endorfina e pôr do sol entre as árvores da USP.
– Toda hora é boa para correr. Quer dizer, mais ou menos. Depende do calor, da poluição atmosférica, da inversão térmica. Consulte o meteorologista e o pneumologista à gosto, mas não se dê desculpas do tipo “Agora ficou tarde” (como eu às vezes faço).
– Correr é libertário. Sim, o negócio é entre você e você. Não precisa de ninguém mais para lhe passar (ou não) a bola; não precisa de roupas de neve ou óculos impermeáveis; não precisa, nem mesmo, de treinador, mesmo quando o objetivo for disputar uma maratona.
– Correr prescinde de objetivos. Ou, para não cair no silogismo, só não prescinde de um objetivo: prescindir de objetivos. Traduzindo: na hora que você buscar com a corrida algo – melhor tempo, melhor peso, melhor arrancada -, pode estar perdendo o caráter libertário da corrida.
– Esteira não vem com paisagem, mas pode estar à mão em dias de chuva, em dias de trânsito, em suma, em qualquer dia. E machuca menos. Não a abomine.
– Dar uma de dândi, que não tá nem aí para preparadores físicos, planilhas, tênis adequados e acordar cedo, é legal. Mas levar tudo isso em conta também é.
Adorei o artigo. Eu também sou jornalista e corro regularmente nas ruas de Formiga/MG há menos de um ano. Apesar de competição não ser o meu objetivo, nesse período participei de três corridas rústicas e ganhei três troféus. A corrida é o esporte perfeito pra mim, que não abro mão da minha independência e liberdade. Corro quando quero, na hora que quero (posso) e aproveito os momentos para refletir sobre tudo!
Sensacional, Lenir. Estive em Formiga uma vez, se não me engano na época em que caiu aquela ogiva, uma bala gigante, de uma avião militar. Viajarei a Tiradentes por esses dias e espero encontrar umas montanhas boas para “refletir” também.
Obrigado por nos escrever. Abração.