Uma corridinha de 13K por Maceió

Paulo Vieira

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MACEIÓ TEM A ORLA mais fotogênica do Brasil, eis uma ululante platitude que você já deve ter lido em algum lugar.

Entre Pajuçara e o final de Jatiúca são menos de seis quilômetros de mar a variar no degradê proverbial de mil-tons de verde e azul da capital alagoana a acalentar o corredor, coqueiros a perder de vista e urbanização caprichada, com barracas e outras atrações dispostas em padrão regular.

VEJA TUDO O QUE JÁ FOI PUBLICADO SOBRE MACEIÓ NESTE PASQUIM

Não são todas as capitais que ostentam tal capricho, ainda que a beleza se circunscreva apenas ao quarteirão da orla. As paralelas já têm cara de bairro popular em beira de estrada, tipo, vá lá, Bom Sucesso, em Guarulhos.

Como eu sou um sujeito meio torto, acabei tomando outro caminho nesta manhã em que o sol já castigava às 8h da manhã – fico a imaginar a que horas o sujeito sai para fazer um longão.

Deixei, como dizia, Pajuçara e tomei rumo do pontal da Barra, passando pela longa e desprezada beira-mar da avenida da Paz.

Ali são poucos os coqueiros, há uma língua de esgoto fétido entrando no mar, e as grandes referências que podem ser usadas como objetivos do corredor não são exatamente prazenteiras: um emissário submarino e o duto da petroquímica Brasken, que avança para dentro do mar.

E foi exatamente pouco depois desse duto que fiz o retorno, passados cerca de oito quilômetros do ponto de partida.

A ideia era voltar correndo para o marco zero da corrida, mas o sol e a ausência de um mísero vintém para comprar uma garrafa d’água ajudaram a abortar o plano.

A partir do 10K, suponho, entrei naquela onda de definir pontos de referência para abreviar a corrida – assim, o prédio xis vencido dá lugar ao ípslone, mais tarde superado. Mas ao passar pelo coreto e pelo Memorial à República, capitulei.

Foram 12 ou 13K, o máximo que este cabra podia se permitir nos 30 graus das 9 da matina da última quarta-feira de 2018 em Maceió.

O velho dístico reza que o sertanejo é antes de tudo um forte, mas o corredor nordestino que vive à beira-mar também tem seu valor.

Foto da home: prefeitura municipal de Maceió

 

 

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Paulo Vieira

Influenciado pelo velho “Guia completo da corrida”, do finado James Fixx, Paulo Vieira fez da calça jeans bermuda e começou a correr pela avenida Sumaré, em São Paulo, na adolescência, nos anos 1980. Mais tarde, após longo interregno, voltou com os quatro pés nos anos 2000, e agora coleciona maratonas – 9 (4 em SP, 2 Uphill Rio do Rastro, Rio, UDI e uma na Nova Zelândia), com viés de alta – e distâncias menos auspiciosas. Prefere o cascalho de cada dia às provas de domingo e faz da corrida plataforma para voos metafísicos, muitos dos quais você encontra nestas páginas. Evoé.

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