Foi só na Nova Zelândia, mais especificamente em Christchurch, que me dei conta da primavera. A cidade, que com pouco mais de 370 mil habitantes é a terceira maior do país, é conhecida por seus maravilhosos jardins, em parques ou nos quintais, tomados essencialmente por azaléias, mas também por lindas tulipas e outras flores resistentes ao clima frio da Ilha Sul. Lá eu fiz a minha primeira corrida/caminhada em meio a árvores centenárias e cinematográficas – sim, eu lembrava a todo instante dos Ents, as árvores falantes de O Senhor dos Anéis.
No Jardim Botânico de Christchurch eu relembrei que correr entre arbustos cheios de flores multicoloridas é muito mais fácil e prazeroso do que ao lado de carros, nas calçadas esburacas e no asfalto quente da cidade. Então, por que exploramos tão pouco os nossos jardins? Sim, há um belíssimo em São Paulo, outro com palmeiras-imperiais no Rio, um verdadeiro cartão-postal em Curitiba e tantos recantos floridos pelo Brasil, para serem descobertos e contemplados na primavera.
Descobrir as mudas plantadas por reis e rainhas, ver o rosário, mesmo sem rosas e percorrer a beira do canal, correndo sobre grama e cascalho, foi um excelente jeito de me apaixonar pela cidade e pelo estilo de vida neozelandês. Vez ou outra eu tinha que desviar de um pato, mas esse era um dos poucos obstáculos que encontrava pelo caminho. Gostei tanto da experiência que repeti em Dunedin, a cidade mais escocesa da Oceania, que, com seu clima universitário, morros e arquitetura belíssima, lembra Edimburgo – a mais de 18 mil quilômetros de distância dali, de acordo com uma placa na praça em frente à estação de trem.
O Jardim Botânico de Dunedin apresentou um pouco mais de emoção, com subidas íngremes, trilhas mais fechadas, caminhos de pedra, um jardim mediterrâneo vertical, aviários com pássaros neozelandeses e australianos, recantos onde universitárias tomam sol e paqueram, uma vista linda da cidade e o Rhododendro Festival – família de plantas que abriga flores como a azaléia. Confesso que, como o dia estava deliciosamente quente, mais andei do que corri com as minhas havaianas coloridas, mas consegui queimar boas calorias durante as 2 horas em que passeei por ele, antes do jogo de rugby All Blacks x Austrália, Onde vi ao vivo o famoso haka : )