A nova loja da Decathlon

Paulo Vieira

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EU NUNCA HAVIA ENTRADO NUMA Decathlon, a varejista francesa de artigos esportivos. E não foi sem certo choque que conheci a que está para ser inaugurada amanhã em São Paulo, no mesmo prédio do Carrefour vizinho ao parque Villa-Lobos.

O choque foi com o tamanho da coisa. Curioso que, com seus 2 mil metros quadrados, a loja nem é a maior das agora três unidades da capital paulista; e na Europa, me contou o presidente da Decathlon Brasil, Cedric Burel, há lojas cinco vezes maior.

Mesmo assim impressiona: a divisão interna é tal e qual um enorme supermercado, mas nas gôndolas há bicicletas, roupas esportivas, tênis, máscaras de mergulho, raquetes, esteiras, barcos, barracas de camping, mochilas.

A empresa fabrica cerca de 80% dos produtos que vende pelo mundo, e, segundo Burel, a filosofia da empresa é ganhar pouco em cada produto mas muito na soma deles. Menos margem, mais escala. Daí os preços bem acessíveis e o despojamento dos ambientes.

Todos os funcionários são esportistas. O processo de seleção inclui, inclusive, uma gincana esportiva; durante a capacitação ocorrem “laboratórios” na natureza para testar barracas de camping, mochilas, pranchas de SUP, jaquetas impermeáveis.

Quanto ao que interessa mais aos leitores deste pasquim, os tênis, os preços das marcas mais conhecidas não diferem, por exemplo, dos da Netshoes. Vi um Nike Flex RN feminino por 299,99 e um Asics Gel Equation masculino por 299,99. Há ainda Mizuno e Skechers.

A grande barbada é a linha própria da Decathlon, os tênis de corrida Kalenji, com preços de R$ 69,99 a R$ 199,99.

Na seção de tênis, você pode começar jogando badminton
Na seção de tênis, você pode começar no esporte jogando badminton

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ABRINDO TUDO (DISCLOSURE): os vários jornalistas convidados saímos com uma sacola cheia de produtos. Tinha uma pequena mochila, camisa, calça, óculos de natação, uma rede portátil para pingue-pongue, uma trave dobrável para futebol e muito mais. Jabá nível indústria automobilística.

Mas não seria necessário nem um chaveiro de lembrança para que eu visse relevância jornalística na inauguração da terceira Decathlon paulistana e publicasse este post.

Embora haja no Brasil grandes lojas exclusivas de material esportivo, como a Centauro, 100% nacional, aliás, a Decathlon trabalha num nível de despojamento interessante, o oposto do que fazem as “majors”, que investem tubos em branding, comunicação e marca.

O objetivo da Decathlon é retirar o acessório e o ornamental do produto para barateá-lo.

Por fim, caso você não queira comprar nada na nova loja, ainda dá para fazer bom negócio.

Lá eles irão emprestar bikes da linha própria BTWIN para teste. Sair para o Villa-Lobos com elas vai ser pedaço de bolo. É só atravessar a avenida Queiroz Filho. Assim, é bem capaz de acabarem quebrando o concessionário público que aluga bikes – cada dia mais velhas e enferrujadas – no parque.

(Havia dito anteriormente que a Decathlon alugaria as bicicletas. Feita a correção).

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Paulo Vieira

Influenciado pelo velho “Guia completo da corrida”, do finado James Fixx, Paulo Vieira fez da calça jeans bermuda e começou a correr pela avenida Sumaré, em São Paulo, na adolescência, nos anos 1980. Mais tarde, após longo interregno, voltou com os quatro pés nos anos 2000, e agora coleciona maratonas – 9 (4 em SP, 2 Uphill Rio do Rastro, Rio, UDI e uma na Nova Zelândia), com viés de alta – e distâncias menos auspiciosas. Prefere o cascalho de cada dia às provas de domingo e faz da corrida plataforma para voos metafísicos, muitos dos quais você encontra nestas páginas. Evoé.

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