O desafio virtual dos médicos corredores da Unifesp

Paulo Vieira

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ORGANIZADORES DE CORRIDA VÊM ATRELANDO SEUS EVENTOS a causas, e isso não é de hoje. Muitas vezes, o objetivo é 99% marketing e 1% civismo. Já falei aqui de alguns eventos desses, como o sugestivo “Não aceito corrupção”, que aconteceu em São Paulo e outras capitais em 2016, no A.c. (Antes do Coronavírus).

CORRENDO CONTRA A CORRUPÇÃO, UHN, SERÁ MESMO?

Com o advento da pandemia, ganharam muita força os desafios virtuais, com corridas estacionárias (em casa) ou não, e os organizadores dessas modalidades de corrida também vêm olhando uma maneira de ganhar mais adeptos ao destinar parte da receita a entidades envolvidas no combate à Covid-19.

É  o caso da 99Run, que mantém um desafio virtual chamado “Todos Contra o Corona”, que tem parte da renda auferida destinada ao Hospital São Paulo, de São Paulo.

A pedido do JQC, Daniel Pawel, fundador e sócio da 99Run, declinou o valor enviado ao hospital, R$ 7 209. Ele chegou mesmo a enviar cópia do recibo de transferência bancária para este pasquim.

OS DESAFIOS VIRTUAIS DA 99RUN

O “Todos contra o Corona”, que ainda está no ar, tem inscrições que partem de R$ 59,99 e podem chegar a R$ 179,99. Nesse caso, o valor equivalente a 20 pares de luvas e 33 máscaras é transferido ao Hospital São Paulo.

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Pois aqui começa de verdade esta postagem: sem a ajuda de um organizador de eventos, ex-alunos da Unifesp (Universidade Federal de São Paulo), muitos deles hoje médicos do hospital ligado à universidade, o São Paulo, decidiram também organizar um desafio virtual neste mês de maio.

É um evento bastante informal, sem regras, exceto esta: 100% do valor da inscrição é destinado ao Hospital São Paulo.

A conta corrente da Colsan, entidade que recebe as doações para o hospital, é a seguinte, a propósito: banco Santander (código 033), agência 0212, conta corrente 13004068-1. O CNPJ é 61.047.007/0001-53

Os médicos e amigos da Unifesp por trás do evento já há algum tempo mantém um grupo de corrida com páginas nas redes sociais, o Nico Runners.

A inscrição para a “maratona de revezamento virtual Nico Runners 2020” é feita diretamente na conta bancária do Hospital São Paulo. O grupo não fica com nada, embora o valor da doação dê direito a uma camiseta – produzida com ajuda de patrocinadores.

“O objetivo é puramente ajudar o hospital”, disse-me ao telefone o anestesiologista Wilson Anzai, porta-voz da Nico Runners.

O valor da doação/inscrição é de R$ 101. “Esse um do 101 é para o hospital saber que as doações partiram da gente.”

Wilson discutiu com seu grupo de corrida, que é informal e não tem qualquer ligação com treinadores ou assessorias esportivas, que estimular a corrida nas ruas neste momento é uma questão polêmica.

“Tem gente que defende isso mantendo o distanciamento, outros que não, que o melhor é ficar em casa, então a gente propôs que vale tudo: subir escada, correr na sala, na esteira do prédio, caso ela esteja liberada.”

Para comprovar que participou do desafio, Wilson pede às pessoas que postem vídeos da atividade. De qualquer forma, como o objetivo é puramente ajudar o hospital, não haverá ranking de classificação nem certificado de participação.

Nem mesmo é necessário participar do desafio no dia estipulado, o 24 de maio. Com o perdão da redundância, o objetivo, outra vez, é ajudar o hospital.

Por fim, o anestesiologista acredita que os cerca de R$ 20 mil que ele imagina arrecadar com o evento não farão grande diferença econômica para o beneficiário, mas a simbologia é importante e pode ajudar no esforço de trazer mais doadores.

“É mais para demonstrar solidariedade.”

Wilson não está na linha de frente no combate ao coronavírus, mas há gente no Nico Runners que sim, como o intensivista Ricardo Goulart. E, como infelizmente sói acontecer com tantos médicos, ele já perdeu amigos para a Covid.

Como um colega de sua turma da Unifesp que era cirurgião do tórax.

 

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Paulo Vieira

Influenciado pelo velho “Guia completo da corrida”, do finado James Fixx, Paulo Vieira fez da calça jeans bermuda e começou a correr pela avenida Sumaré, em São Paulo, na adolescência, nos anos 1980. Mais tarde, após longo interregno, voltou com os quatro pés nos anos 2000, e agora coleciona maratonas – 9 (4 em SP, 2 Uphill Rio do Rastro, Rio, UDI e uma na Nova Zelândia), com viés de alta – e distâncias menos auspiciosas. Prefere o cascalho de cada dia às provas de domingo e faz da corrida plataforma para voos metafísicos, muitos dos quais você encontra nestas páginas. Evoé.

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